quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Soluções práticas - Parte 11

Aleksis parecia uma pantera negra. Seus olhos eram de um amarelo ocre penetrante que pareciam ter o poder de desvendar os pensamentos mais submersos. Seus companheiros evitavam olhá-lo diretamente, afinal, nem tudo deve ser compartilhado. Era um dos homens mais condecorados de Olegiev. Respeitado e temido, nunca hesitava. Exceto naquele dia.

Sem ser descoberto, Aleksis praticava truques de mágica toda noite. Era um sonho que alimentava desde a infância: ser mágico. Entretanto, as adversidades da vida, a tradição familiar e o fato de ser filho único o fizeram integrar a Patrulha Inter-Lumis, assim como sua mãe, sua avó e sua tataravó. Sim, a sua linhagem na Inter-Lumis foi, até 2005 da dimensão 7, portaria 14, feita de mulheres. Voltemos aos fatos que antecederam àquele momento.

Aleksis praticava truques de mágica em um depósito de armas obsoletas. Ali era um local que jamais seria procurado. Seus colegas de trabalho eram high-tec demais para se debruçarem sobre o pretérito. Cada noite se entregava a um truque diferente: cartas, panos coloridos, coelho na cartola, pomba no paletó. Naquela noite tentou, pela primeira vez, um truque de adivinhação através de uma bola de acrílico que se passava por uma bola de cristal. Ideia ridícula, uma vez que não havia mais ninguém ali e, portanto, nada a ser adivinhado. Como pouco lhe importava a racionalidade das coisas quando estava em seu universo particular, inventou que uma bela moça da plateia do Teatro Odeon havia se oferecido para participar daquele número.

Não possuía muito contato com mulheres, a não ser as de sua família. Ao passar pelos corredores da Sede semanas antes, escutou Olegiev fazer referência a uma “Natasha”. Havia aprendido na escola russa que Natasha era um diminutivo de Natalya e significava “dia do nascimento de Cristo”. Lembrou-se disso rapidamente na ânsia de atribuir logo um nome à moça imaginária.

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