quarta-feira, 29 de abril de 2015

teoria da conspiração

Ocupo para informar duas coisas: a primeira que lugar cedido gentilmente não deve ser desprezado, nunca, jamais em situação alguma e nenhum momento; a segunda é que venho por meio desta avisar que vou ali e volto já.

Mais ou menos assim: vou agora sonhar, depois acordo às 06h20min saio no máximo às 07h: 00, e devo chegar às 14h00min, daí me organizo para estar por aqui neste horário porque no máximo às 15h00min saio de novo e devo voltar às 17h para em seguida lá por volta de 18h30min sair e chegar apenas às 23h30min ou 00h12min e sonhar.

Mas uma coisa é certa, eu volto. Ah volto viu!

Como dizem por aí: é nois que tá.


Voltei hoje 02.05.15, às 13:30 por que ontem foi dia de afazeres aqui no moquifo e do curso.


E aí todos no interior sendo mordidos por muriçocas e pernilongos, forrando o bucho com cachaça, cerveja e churrasco ou salgando o rabo na praia? Que bom, os trabalhadores merecem, algo assim ou mais. Agora, se porventura tem duros (as) por aqui arrastando pragatas pela casa sem um tostão furado e inteiro nas calças, seguimos.

No ritmo de conversa de bar, rua, viela, grupos diversos (religiosos ou não e sem preconceito) ou de buzão sabe. De forma descontraída de quem nada quer se não o que é de direito, falar do que nos interessa e contempla de fato.

Nos últimos anos e principalmente meses tem ocorrido uma série de defesas que na verdade sempre existiram, mas ultimamente com maior afinco e agressividade. Elas acontecem sempre com “violência” e desrespeito no intuito de expor opiniões, autoritárias de que o certo é como está, é o que deve ser.  E os ajustes na política e economia servem para aqueles que devem ter a devida atenção, por exemplo, o setor empresarial, que segundo os próprios são os que mais empregam e movimenta a economia no mundo.

 O interessante é perceber em qual momento desta ordem econômica nunca teve atenção e reivindicações atendidas, por que afinal, não vivíamos e não vivemos no socialismo ou comunismo e menos ainda no anarquismo. Então alguém explica, por que anda muito difícil compreender as coisas erradas de sempre, aliás, minto anda difícil aceitá-las, pois se sabe que países escolhidos para exploração de mão-de- obra hiper barata (não é o da força que se diz sindical?) e recursos naturais bem como consumidores não poderão se colocar e se assumir como potencia mundial. Entenda de vez, em mundo de explorados por poucos (lembra dos 67 premiados?) não existe espaço para que todos sejam ganhadores. 

Tanto é que outro dia, ri sozinha, lá estava com o carrinho no hipermercado relacionando o que estava em promoção para comprar e pagar no cartão de crédito quando vejo: um rosto e a frase mais ou menos assim - que os herdeiros do plano real, ou seja, a elite empresarial vai às ruas e aprende política com o senhor do neoliberalismo no Brasil. Mas alguém, por favor, esclarece mais uma coisa aqui, tanto tempo ocupando e ainda não aprendeu? Será que não sabem ou disseram que criador não controla a criatura?

Mas vá lá, existe algum erro em propagar o posicionamento de direita? Claro que não, de forma alguma mesmo que dia a dia seja o que mais escutemos na tevê, no jornal escrito e etc e tal como também não é pecado, mal ou atrevimento dizer que existe possibilidade de melhorar a vida dos trabalhadores em escala mundial.

Então, seria importantíssimo que parassem de escavar as babaquices de sempre e de séculos atrás, de que há em curso uma tomada comunista, série de conspiração  ou que ainda resta resquícios do "mal" que ainda não existiu, sendo que nenhum país foi agraciado com esta experiência na gênese e de fato.

É ridículo dizer que ainda resta país com sistema comunista e que não se pode reclamar em qualquer momento, principalmente no dia do trabalho, pior ainda ridicularizar pensamentos e ideais de esquerda.

É bom lembrar que devido ao pouquíssimo tempo, limitado tempo, pequeníssimo tempo que nos resta, graças ao capital, os planos restringem-se em aprofundar a democracia, aliá-la ao social e mostrar as contradições e impossibilidade da junção entre bem-estar social com acumulação de bens materiais para poucos. Então a partir daí conceder as reais condições para que futuras gerações, talvez os filhos de meus netos decidam qual o melhor sistema político para viver com dignidade.

Por favor, não façam de palavrões como fizeram no passado e atualmente com os comunistas, os anarquistas, os socialistas, os movimentos sociais (legítimos, vindos de classes trabalhadoras extremamente precarizadas que enfrentam a ordem econômica e política vigente quando partidos políticos não os representa em reivindicações especificas, das classes subalternas sabe) os coletivos, os militantes, os estudantes, simpatizantes e agregados da esquerda, não demonize de novo porque o tempo e mecanismos, meios e veículos de comunicação são outros, ao passo que a direita pode se auto-organizar, nós também podemos e num piscar de olhos a qualquer momento pode acontecer o 1º de maio em escala mundial, porque tudo coopera para a perda de paciência dos trabalhadores e agradecemos muitíssimo aos criadores deste sistema de merda. 

E quando a esquerda diz que é possível, não mente, não agride e ofende ninguém. Existem possibilidades reais de melhorar a vida dos trabalhadores com outro sistema que de fato é uma verdade incólume.

Daí vem sempre algum desavisado e diz: mas o partido que está no poder não é de esquerda? Pois é, uns dizem que é outros não, mas que seja o que for ainda sim, pouco consegue fazer porque o sistema não altera, em qualquer parte do planeta globalizado e ajustado para poucos na ideia do mínimo para muitos, perdura.

Lembro-me do que disse certa vez um militante que infelizmente não recordo o nome presente numa palestra da Defensoria Pública em SP “pode ter o Che como presidente ainda sim, os movimentos sociais, à esquerda teriam que lutar”. Inteligente que só, ele conseguiu alumiar as ideias, ora se o sistema é o de sempre, achar que alterar apenas o cargo de presidente resolve tudo é ingenuidade não?


Ainda sim, não se deve desprezar a posição por que garante o mínimo do mínimo e precisamos sobreviver para fazer algo acontecer. Complicado? Também acho, mas significa dizer que o atual partido, da presidenta, que vem sendo duramente criticado por todos e com razão em algumas e várias críticas, desde que assumiu o cargo político mais importante, melhorou e muito a vida dos ricos, nunca antes no país os bancos lucraram tanto, bem como empresas e demais setores.O problema é que o bem-estar empresarial tem um tempo determinado, não pode acontecer em todos anos e séculos, caso contrário não existiriam apenas 67 agraciados mundialmente.

Mas diga-se também que o partido atual melhorou, mesmo que minimamente, a vida de gente extremamente miserável, e com críticas a parte deve-se reconhecer os programas sociais e outros que permitiram acesso as condições básicas para sobrevivência de muitos desfavorecidos.

E vamos combinar que até a ala conservadora ou classe média alta, os zes polvinhos sabe? tem reivindicado os programas, por que cobrar o financiamento de cursos (caros) em universidades privadas também é uma forma de reconhecimento né?

Sendo semelhante a quem disse no meu pé do ouvido que o partido que implantou o programa minha casa minha vida, cujo acesso permitiu que os fulanos comprassem o apartamento em que moram atualmente, não presta, que ia votar no essinho. Veja aí a contradição desgraçada! E meu pai do céu, a sicraninha aqui acaba de escrever o nome do futuro príncipe da colônia de exploração de forma totalmente equivocada. E agora? Quando vou parar na forca através da segurança nacional ou fogueira através da igreja cristã-capitalista?

E não vejo problemas em assumir que o partido atual fez algo para ricos muito mais que para pobres, e deixando críticas a parte para os pobres foi na base do mínimo, mas fez algo, o mínimo que todo estado moderno e burguês permite quando algum partido que se diz de esquerda consegue chegar lá.


E sabe o que é mais engraçado?

A disseminação constante de que existe uma conspiração de esquerda para tomar o poder, para virar Venezuela, Cuba e ex-União Soviética quando na verdade não existe. Reconheço que a Venezuela tem exagerado bastante em algumas situações, mas também reconheço que é difícil trabalhar com gavião querendo te nomear de inimigo nacional. A esquerda deve perceber que hoje as armas são outras, conforme dito por Pepetela (africano, comunista e ex-guerrilheiro) quando afirma de forma categórica que é necessário acompanhar o seu tempo e quando se refere ao movimento de ações revolucionarias.

Não conspiramos, não existe plano para tomar o poder através de armas, porque quando a química e tabela periódica se fez no mundo acabaram as chances disso acontecer. A nossa base de comunicação e articulação deve ser trabalhada na frase de Drummond “Lutar com palavras parece sem frutos, não tem carne e sangue... No entanto luto” aliada à ações e movimentos aqui e acolá lutemos e falemos abertamente sobre os pensamentos de esquerda e aceita quem quer quem precisa quem não acredita mais no mínimo do mínimo e isso não é crime. E se de fato é tão insignificante e inviável assim, por que temem? Qual é o problema? Porque a defesa tão escancarada?

E olha que ainda não visualizei possibilidades para já, não vejo condições objetivas de acontecer algo com relativa grandiosidade em escala mundial para logo. Então não consigo compreender tanta exatidão em ratificar as mesmas balelas de sempre, aquelas estórias das carochinhas que não causam efeito nem na vaca e menos ainda para o boi dormir. 

E devido à preocupação enorme bem como a pressa em defender-se, posso concluir antemão que de fato nada do que dizem a respeito do final do sistema capitalista é mentira. Tiveram a coragem de fazer crises e não tem a hombridade de resolvê-las, sabendo que com a economia globalizada é impossível  acontecer crise em algum país e não reverberar noutros.

 Mas insistem em dizer que quando há fracassado em determinado globo terrestre o problema é de gestão; e olha vamos combinar é sim, a gestão dos criadores do capital, totalmente incompetentes, criam cúpulas e criam grupos dos mais poderosos e nada resolvem, a começar quando diz que determinado bloco se juntou para que volte a crescer e resolva o problema do desemprego em um país apenas. 

Trata-se de incompetência para mais de metro com tantos anos/séculos por aí, a começar pelo FMI que não projetou segundo estatísticas a crise de 2008, também por bancos e setores financeiros que recebem dinheiro público muitíssimo (e continua), mas sempre mantendo o discurso furreco com projeções fora da realidade de crescimento, de saída de alguns países da austeridade com desemprego em alta, mesmo sabendo que não existe mais espaço para crescimento desordenado de poucos com a extrema pobreza de muitos.

E, trocando em miúdos, os trabalhadores podem, tanto podem que os criadores do capital estão se defendendo a torto e direito pautados no argumento de conspiração comunista, socialista e anarquista que sequer começou.


Então, podemos, se não viver para ver acontecer, criar possibilidades para que próximas gerações decidam se querem viver sem o capitalismo ou apenas sobreviver no canto de muita dor com ele.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Os Animais



- Você fez bem em vir para casa, meu amor, se estava tão cansado.
- There's not a place like home - disse Oliveira.
- Tome outro matezinho, acabou de ser feito.
- Com os olhos fechados parece ainda mais amargo, é uma maravilha. Se você me deixasse dormir um pouco, enquanto lê uma dessas suas revistas.
- Sim, querido - respondeu Gekrepten, secando as lágrimas e procurando "Idílio" por pura obediência, embora se sentisse incapaz de ler o que quer que fosse.
- Gekrepten.
- Sim, amor.
- Não se preocupe com tudo isto, minha velha.
- É claro que não, meu bem. Espere que vou colocar outra compressa fria.
- Dentro de um instante levanto-me e vamos dar um passeio por Almagro. É bem possível que esteja passando algum musical colorido.
- Amanhã, meu amor, agora é melhor que descanse. Você veio com uma cara...
- São coisas da profissão, que posso fazer? Não se preocupe. Escute com o Cien Pesos está cantando, lá embaixo.
- Devem estar trocando sua comida, animalzinho de Deus - disse Gekrepten. - Está agradecendo...
- Agradecendo - repetiu Oliveira. - Agradecer a que o tem engaiolado.
- Os animais não se dão conta.
- Os animais - repetiu Oliveira.


J. Cortázar – O Jogo da Amarelinha 





sábado, 25 de abril de 2015

Dois pesos

Você alimenta o ódio. Eu alimento o amor.
Você grita o ódio. Eu exalo o amor.
Você ri do ódio. Eu choro com o amor.
Você não sabe o que fazer com o ódio. Eu quero te mostrar o que fazer com o amor.
Você diz que o ódio é seguro. Eu me jogo do precipício do amor.
Você se sente protegido com o ódio. Eu te desarmo com amor.
Você pergunta: "Ódio a que?". Eu respondo: "Que não seja ao amor".

Escrito ao som da voz que me acolhe.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Q&A a Day

Sou daquelas que adoram diario. Acredito que eles me ajudam a me conhecer melhor e a entender o que eu pensava em determinada época e porque tomei algumas decisões. 
O problema é que sou daquelas que nunca terminam algo. Já comecei mil diários e nunca levei nenhum pra frente. Alguns dias são corridos, outros não são inspiradores e quando eu paro pra ver passou muito tempo sem nenhuma nota e eu desisto (meu 8 ou 80 issue). O mesmo acontece com as promessas de dieta/ exercícios/ estudo... (lista infinita). Se for pra fazer meia boca é melhor não fazer e como não sou perfeita acabo não fazendo nada. Mas isso é tema para outro post.

Semana passada estava no caixa da livraria cultura quando vi esses dois livros e resolvi tentar mais uma vez:

Pirei. Os dois são para serem usados por 5 anos e tem uma capa dura linda. Cada página tem uma data e 5 espaços (você deve preencher um por ano). O Q&A faz uma pergunta por dia e o azul tem tema livre. Eles eram meio carinhos (uns 70 Dilmas cada), então comprei somente o Q&A porque achei mais interessante e mais fácil de cumprir.
A má notícia é que mesmo na Amazon o preço é esse, então acho que só vou comprar o azul daqui a 5 anos.. e vamos lá, porque ter dois diários ao mesmo tempo? Estou numa fase meio menos é mais, querendo parar um pouco de acumular tanta coisa na minha vida.
Esqueci de mencionar que os livros são em inglês, então eu recomendo fortemente para quem domina o idioma e para quem ainda não domina (será uma ótima oportunidade de aprender).

quarta-feira, 22 de abril de 2015

All in

Cada escolha carrega consigo uma renúncia. Você escolhe dormir cinco minutos a mais e renuncia a possibilidade de chegar cinco minutos mais cedo. Você escolhe a camisa xadrez e renuncia a azul marinho. Você escolhe viajar no feriado e renuncia ao prazer de ir ao aniversario da filha de seu amigo. Tudo muito simples quando o que se renuncia e o que se escolhe são praticamente equivalentes, quando o que está em jogo são médias com a chefia, camisas azuis ou brigadeiros. Em resumo, sua vida não mudaria substancialmente se a coisa renunciada passasse a ser a escolhida.

Agora, nem todas as escolhas são fáceis assim. As escolhas mais difíceis de nossa vida são aquelas em que para se ter algo que consideramos valioso de um lado, perdemos muito de outro lado. São essas as escolhas que geram mudanças substanciais se forem feitas, pro bem ou pro mal. É como num jogo de pôquer. Você pode passar a vida fazendo a aposta mínima com seu adversário, mas não vai sair do lugar se não der um all in de vez em quando. 

Mas não é todo mundo que tem coragem de dar um all in. Arrisco a dizer que boa parte das pessoas passam a vida sem dar um allinzinho sequer. É mais seguro, é verdade. É mais cômodo, concordo. Em alguns casos pode ser o melhor a se fazer, talvez. Só que é um marasmo só. Não há mudança sem escolhas grandiosas, sem escolhas arriscadas. Afinal, o seguro morreu de tédio.

Ok. Não estou sugerindo que se arrisque como se não houvesse amanhã, que devemos arriscar tudo em toda e qualquer situação. Não é isso. Voltando ao pôquer, seria o mesmo que sugerir que alguém desse um all in no primeiro par de 2 (este é o único caso em que "par de 2" não é um pleonasmo, vejam só) que aparecer. O que acontece é que muita gente tem medo de arriscar mesmo com um full house em mãos, mesmo diante da possibilidade um bom caminho pela esquerda, há quem opte pela comodidade do conhecido caminho da direita. E de novo. E de novo. E de novo... o que torna a situação mais irracional do que dar all in em par de 2...

***

Como todos, tenho meus medos, meus apegos, meus comodismos, mas desta vez, ao menos desta vez, opto por arriscar...

- All in!


terça-feira, 21 de abril de 2015

Sobre uma tarde de feriado

Escrevo nesta tarde do dia 21, uma tarde preguiçosa de abril, feriado nacional, enquanto venta lá fora.
Sim, eu sei...
Deveria ter pensado no quê escrever há tempos. A bem da verdade, lembrei que dia 21 era somente hoje.
Decididamente, o emprego que eu tinha, no qual eu era obrigado a me "entreter" com datas e afins, era muito importante em relação à memória.
Pensei em escrever sobre o dia 11 desse mês, no qual fui sorteado pela vida para mais uma vez sofrer uma terrível cólica renal, oriunda de uma infecção urinária (fruto, por sua vez, da baixa ingestão de água), falar sobre o número absurdo de pessoas que estavam na fila do pronto-socorro com suspeitas de dengue. Com muita gente saindo com caso confirmado.

Não. Deixa isso pra lá.

Na verdade, à partir de amanhã, me verei como um forasteiro em minha própria cidade.
Gosto de imaginar minha vida como um filme. Acho que é próprio dos amantes da sétima arte.
Me verei numa cidade na qual preciso urgente de um emprego para me sustentar.
Sim. Trabalho na rádio ainda. Não saí de lá.
Mas preciso de um emprego para honrar minhas contas. Com esse preço subindo a galope, o custo de vida aumentou por aqui. E aí? Como está?

Contenção de gastos, redução de custos... Nunca tive problemas com isso, na verdade. Costumo dizer que o costume é um hábito que se ganha e que se perde. Se adquire e se abandona.

Não nascemos grudados com nada. Dá pra relevar.

Só não volto para o depósito no qual trabalhei tempos atrás devido ao medo absurdo que fiquei dos assaltos. Para se ter uma ideia, em junho agora irá completar um ano desde a minha saída de lá, e nunca  mais pisei dentro daquele estabelecimento.

Mas de boa. Sei que uma hora dessas, alguma porta irá se abrir.
O por quê do termo "à partir de amanhã"?!

É que hoje é feriado. E é meu primeiro dia com 35 anos. 
Foi meu aniversário ontem. E quer queira quer não, começo a imaginar e me deparar com a realidade de que ainda há muito " conquistar na minha existência.
Se Deus me der a graça de viver 70 anos, estou na metade de minha vida. Por isso, cuidando melhor, à partir de agora, da alimentação e tudo o mais.

Comecei tarde? Pode ser.

Mas tenho fé e esperança de que tudo dará certo.

A gente mata a saudade de "Drive", com The Cars.

Aquele abraço, e até o mês que vem.


segunda-feira, 20 de abril de 2015

E se...?

Hoje são tantas as grandes cidades e tamanha a supremacia do estilo de vida urbano que por vezes esquecemos o quanto é recente a sociedade vivendo fora do campo. O homem sempre viveu o mais próximo possível da produção agrícola, as cidades eram pequenos povoados se comparadas às atuais e serviam principalmente como pontos de comércio, para um consumo de produtos mais diversificados do que a própria plantação.

Foi com a revolução industrial que o fluxo migratório se intensificou e com o advento da linha de produção que a sociedade definitivamente encontrou um rumo aparentemente ideal. As indústrias precisavam de cada vez mais mão-de-obra e pouco a pouco desenvolviam máquinas para a lavoura, substituindo o trabalho do homem. As peças pareciam ter se encaixado. A maior parte da população passa a se concentrar nas cidades, que abrigam indústrias carentes de trabalhadores, enquanto um mínimo necessário permanece no campo, onde a produção agrícola aumentou mesmo com menos trabalhadores.

O paradoxo é que a tecnologia não tem limites e, sendo o lucro a principal meta de uma indústria, a mão-de-obra humana passou a ser gradualmente substituída por máquinas e computadores. Onde há pouco tempo grandes galpões reuniam centenas de trabalhadores para executar uma tarefa mecânica, hoje existe uma única máquina, mais rápida, mais precisa, mais eficiente, mais lucrativa.

As pessoas substituídas pelas máquinas não poderiam voltar para o campo. Lá a tecnologia já havia se desenvolvido há mais tempo. Plantadeiras, colheitadeiras, pesticidas. Para a produção agrícola em grande escala, quanto menos gente melhor. Na cidade foi mais fácil a diversificação de serviços, rearranjando a tecnologia e criando novas necessidades, mesmo sem ter sanado as mais antigas.

Fica cada vez mais gritante um efeito colateral do desenvolvimento desde a revolução industrial. As cidades, cada vez mais poluídas, abrigam uma infinidade de subempregos. Ainda que a taxa de desemprego não esteja alta, existe demanda o suficiente para que pessoas sejam mal pagas para pendurar uma placa de anúncio de novos apartamentos no pescoço e ficarem paradas em algum cruzamento movimentado.

No campo, economicamente, está tudo perfeito. Gastos cada vez menores e lucros cada vez maiores. Para aumenta-los ainda mais reduzimos as áreas de mata nativa, desenvolvemos transgênicos e se for preciso o governo ainda subsidia a produção, concentrando fortunas nas mãos de pouquíssimos latifundiários.

Poucos se arriscam a negar que do ponto de vista ambiental o desenvolvimento industrial e econômico foram desastrosos. O aquecimento global, as chuvas irregulares, níveis de poluição alarmantes, presença de agrotóxicos e metais pesados em lençóis freáticos, etc. Uma infinidade de fatores que levam alguns cientistas a afirmarem que não há mais solução e que os recursos naturais estão fadados a acabarem.

Mesmo com o clima do planeta cada vez mais maluco, há quem insista em priorizar o desenvolvimento econômico. Essa mesma economia que reúne nas mãos das 80 pessoas mais ricas do mundo o equivalente a toda renda dos 50% mais pobres (3,5 bilhões de pessoas).

Por mais benevolente que seja o olhar, só é possível considerar algum sucesso no modelo atual se abstrairmos uma quantidade estratosférica de fatores. E se as terras fossem minimamente repartidas, passassem a empregar a massa de mão-de-obra dispensada nas cidades para uma produção agrícola mais saudável, com menos agrotóxicos e sem transgênicos?

Os problemas do mundo não acabariam, mas essa medida reduziria a concentração de renda insana citada acima, empregaria muito mais gente e reduziria o preço dos alimentos ditos “orgânicos”. Diminuiria o impacto ambiental e seria um passo em direção a um estilo de vida mais natural – aquele que a humanidade cultivou por milênios, sem ameaça ao planeta ou de auto extinção. Mas isso já é conversa de comunista. Melhor chamar os militares para que eles evitem qualquer mudança no modelo atual.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Penúria é ser pombo às terças-feiras

João da Esquina joga búzios e lê tarô enquanto me encaminho para o almoço: cinquenta minutos de abstração, de tempo outro. As pulsões me levam com certo ânimo a textos engavetados, mas aqueles pombos... não adianta, não me saem da memória falida dos sonhos. Mastigo, avanço alguns parágrafos, e mais uma vez, eram tantos...invadiam a sala, bicavam o metal vagabundo da janela do quarto, suas doenças, retumbadas do caos construído por nossos defuntos - escravizados, imigrados - respingavam no sofá; num instante de maior atenção, lembro-me de ter visto piolho-a-piolho resvalando por entre penas tortas.

Dou seguimento as garfadas apenas por movimento robótico do corpo, deixo-me perder com mais afinco nas rememorações: aquela cagada na cabeça; a tarde em que papai, num espanhol canastrão, e o vendedor de rua, italiano, exerceram com maestria a não-comunicação; eu, pequenina, olhava-os agarrada ao saquinho de milho, dezenas de pombos farfalhavam ao redor. Fernando, anos mais tarde, repetia-se - para onde vão os pombos de noite? - noutro dia quase lhe mandei mensagem contando de alguns refugiados no velho assoalho.

Na medida em que me atrelo a estes fios mnêmicos, tento dar veracidade a quaisquer associações esdrúxulas, possíveis interpretações de meu pesadelo.  Rogo nesta busca por apaziguamento, embora meu desejo pareça sucumbir a camadas cada vez mais sombrias e ilógicas. Eu tento, meu bem, eu tento, mas me distraio com outros cigarro que encontro nos bolsos, o último dessa vez, só mais dessa, que é terça-feira, o dia mais longo, cê sabe.

A quentura reverbera do asfalto, os pombos & as calçadas escorregadias, os pombos & a fiação tomada por seus trinta-e-cinco centímetros de existência. Os pombos, afinal, servindo a analogia barata de quem tem paridade no bicho escorraçado, de quem também bica restos orgânicos pelas esquinas, de quem tem o voo preso no retorno contínuo do bate-cartão, de quem é matéria de mandinga e por isso bota os trocados na cesta de búzios, mas não tem culhão para ver no que vai dar.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Êêêêpa!



Eu, como adepta à política da boa vizinhança, cortesia e diálogo, evito o quanto posso bater boca. Minha mãe sempre disse que tenho o dom de machucar com as palavras, se é que isso seja um dom, e que palavras não podem ser desditas, o dano é irreparável. Mas tem gente que parece impermeável à assertividade e que adora praticar um bullying na meia idade. Como tenho intolerância à grosseria e dedo na cara, esses indivíduos acabam conhecendo a Vera Verão que vive em mim.

Dias atrás, precisei descer do salto e abrir o leque imaginário.  Um desses babacas cujo modus operandi consiste em puxar o tapete dos outros, dizer que se fosse ele faria melhor e usar o deboche para diminuir as pessoas (mas que na realidade é um grandessíssimo café com leite), resolveu questionar o meu posicionamento profissional – que estava correto, só não era conveniente para ele – sobre um assunto. Negando qualquer tentativa de diálogo inteligente, já na segunda frase o tom de voz dele subiu, o usual deboche deu as caras e ele começou a questionar a minha competência aos berros na frente de muitos colegas de trabalho.

Pois bem. Aconteceu o que acontece todas as vezes que recebo a entidade Vera Verão: eu fiquei roxa de raiva, acabei erguendo a voz também, usando o meu sarcasmo (que, modéstia à parte, é muito melhor do que o dele) e finalizando a discussão com uma pequena cutucada em uma ferida que eu sabia que ele tinha. Pelo silêncio que se decorreu, parece que eu venci o embate.

Isso não me impediu de cair no choro assim que ele foi embora e a minha adrenalina baixou. Eu não me sentia vitoriosa. Não queria precisar chegar a tanto. Só queria que ele calasse a boca e sumisse da face da terra. Por que ele não podia ser educado e entender que ele não é melhor do que ninguém?

Após muito desabafo no ombro de gente que sei que se importa comigo, aquietei a minha consciência e cheguei à conclusão de que ninguém precisa ser saco de pancadas de ninguém e que às vezes é preciso pegar pesado para não sair de capacho. O peso nos meus ombros diminuiu ainda mais quando soube que no outro dia ele contava a versão dele para quem não viu o nosso telecatch, retratando-me como a sem educação e prepotente da história. Já os que presenciaram a cena me deram todo o apoio, dizendo o quanto ele agiu de forma desnecessária.

Resumo da ópera: comedidamente, um dia de Vera Verão faz bem e lava a alma. Mas não adianta esperar que, assim como nos filmes, um babaca aprenda a lição, pois, babacas serão sempre babacas, sentem orgulho de serem babacas e sempre se aperfeiçoarão na arte da babaquice. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Última Postagem

Essa poderia ser só mais uma postagem, mas não quero continuar com isso.
Posso continuar escrevendo todos os dias 14, de todos os meses, por anos.
Escolho não.

Estou sendo sincera com vocês (caros e caras leitoras) e comigo também.

Sei o quanto estou insatisfeita com as minhas postagens, até mesmo por que não consigo ter a pretensão de melhorá-las. 

Não estou também envolvida minimamente com o blog. Raramente  leio outras postagens.

Escrever no blog virou para mim apenas um compromisso, que eu sigo porque tenho esse "hábito" (me falta palavra melhor) de fazer as coisas com as quais me comprometo. Era um compromisso para comigo, com a minha coerência...mas não era um compromisso que fazia muito sentido na minha vida, não se conecta com nada. Falta vontade, tesão...esse tipo de coisa que dá vida a um esqueleto, que ilumina e revela as cores.

É isso. Lá se vão minhas últimas palavras.... hahaha

Sem pompa, sem despedidas, sem adeus.

Sinto vontade de agradecer  minhas leitoras e meus leitores. Obrigada, sinceramente. Parece meio patético, mas....  e daí? Abusei desse liberdade que esse espaço me proporcionou! Posso dizer que 80% das vezes escrevi com liberdade e sem muitos julgamentos, devo dizer até que sem senso do ridículo algumas vezes.

Sem orgulho.....mas sem vergonha também. Foi! Foi uma entrega (algumas vezes mais, outras menos, e por fim apenas cumpria protocolo).

O desafio acabou. Não quero continuar arrastando textos...

Agora são 00:00hr....Meu tempo passou.

Que outras histórias, de outra vida, venha ocupar esse lindo dia 14!!!

Tchau!

Carol
Outra Carol


sábado, 11 de abril de 2015

Boa Noite

Não vá sem dizer boa noite. A conversa está tão boa que não aceito você dizer que cochilou e não acordou mais.

"Ao sair feche a porta." - Não é assim que se diz por aí?

Pois bem. Não saia sem dizer boa noite. Feche a nossa porta antes de partir.

Não me importo que vá. Apenas me deseje boa noite.

Boa noite é um desfecho que automaticamente me desperta o sono. Sem ele, divago em pensamentos nus e sem sentido, na esperança de mais uma mensagem. Mesmo que essa seja um seco boa noite perdido em meio a um vasto silêncio de meia hora.

Perguntas porquê eu não me ocupo com outra atividade durante as pausas antes do tão indesejável e esperado boa noite. 

Então respondo que estou farto da comédia fraca da TV, da pornografia fácil e gratuita e do noticiário, o qual já sei até em que ordem serão reprisadas.

Dos pernilongos, já cacei a todos. Alguns com sangue, meu ou não, outros magros que degustaram da morte ainda com fome. A eles já dei meu boa noite.

Agora, só falta o teu. Ansioso aguardo. E para você que anseia do boa noite que tens direito, aqui, logo abaixo desta linha, poderás encontrar o meu.

Boa noite.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sobre o tédio


Cazuza preferia Toddy ao tédio*. Eu concordaria, não fosse minha intolerância à lactose. Assim, prefiro o tédio à emoção de acompanhar as reações hostis do meu corpo contra a bebida tão simpática e aparentemente inofensiva.
O fato é que o tédio lembra aquele vizinho chato, que vira e mexe te faz uma visita e você faz de tudo pra se livrar dele, mas não é uma tarefa muito fácil. Ele não vai embora por vontade própria, exige um certo esforço.
Geralmente vem acompanhado da preguiça, da chatice e da falta de inspiração.
Mas não serei injusta com o tédio, até mesmo ele tem um lado bom. Por incomodar, nos obriga a mudar, a pensar fora da caixa.
O tédio pode até tomar seu corpo e sua mente por algum tempo, mas, assim como o vizinho chato, alguma hora ele vai ter que ir embora, ele obriga você a ser criativo, a pensar em como fará para se livrar dele, e quando isso ocorre, pode ficar até melhor do que era antes dele aparecer!
Então, na próxima vez que o tédio entrar sem bater e nem pedir licença em sua casa, não tente enxotá-lo. Seja legal com ele, ofereça um café, troque uma ideia, quem sabe você pode sugerir algo para ele fazer longe de você, ou para você fazer longe dele, e enfim dar lugar ao conhecido ócio criativo? Porque até o vizinho chato pode salvar nosso dia emprestando uma xícara de açúcar.

*A frase é originalmente da escritora Ledusha Spinardi.


Tédio- Bíquini Cavadão

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Dengue

  Veio um novo administrativo meu trabalho, novo trabalhando lá pois já tem mais de 40.
Ele deve ganhar umas três vezes meu salário, pelo menos, e trabalhar umas três vezes menos, certamente.

 Tenho que frisar que trabalho em uma unidade de saúde e dentre médicos, farmacêuticos e enfermeiros achava que a mais leiga em saúde fosse eu.

  Estávamos na recepção, numa pausa entre cinco, seis funcionários falando sobre a dengue que está preocupante lá em Guarulhos.

  Alguém pergunta para o administrativo, que por acaso se chama Eduardo, sobre uma piscina que o vizinho mantém suja e se havia sido notificado.
  Eduardo responde que já forem ver e a piscina estava tratada, sem foco de dengue. Mas ele não aguenta a oportunidade de entrar na conversa e acrescenta: 

  -Se bem que eu não acredito que o mosquito que transmite a dengue.
  Todos se entreolham em silêncio.
  Ele acrescenta:
  - Veja bem, para ir de avião até a Ásia são dois dias, o ciclo de vida do mosquito só duram dois.
  -Também acho que é invenção esse negócio do Ebola, se fosse do jeito que dizem já havia morrido toda a humanidade, mas fazer o que, os cientistas dizem e agente tem que acreditar...
  A farmacêutica é a única que consegue interrompê-lo:
  -Eduardo, que bom que você é administrativo!
  
  Fiquei imaginando o mosquito da dengue vindo a voo da ásia, ri sozinha por mais dias que o ciclo de vida do bichinho.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Texto 1

Prostituiu-se com a lua.
Amanheceu sol.
Era energia, lambia quente os hábitos do dia.
Descia pernas, subia peitos.
Arfava contentamentos de instantes.

Presenciou raios estuprarem o céu.
Foi vento atiçou tempestades.
Foi brisa acalentou amores.
Negou silêncios.


Prostituiu-se com o mar.
Amanheceu maré.
Involuntária volúpia rompeu preceitos hipotéticos de não caber em um si.
Derramou-se em um talvez, de um quase desinteresse certo pelo o que é correto.

Perambulou por becos desnudos.
Desencontros carnudos de boas vontades.
Não perdoou favores inertes.
Alegou palavras.


Pariu desalento.
Criou enfrentamentos.

sábado, 4 de abril de 2015

A noite chega, e agora começa minha vigia.

Qualquer pessoa que me conheça com um pouquinho mais de tempo [ou me siga no Facebook, na atualidade isso quase dá na mesma, que triste reconhecer isso] percebe alguns elementos formadores da minha personalidade logo de cara. Se as Meninas Super Poderosas são feitas de açúcar, tempero, tudo de bom e uma boa dose de elemento X, Emanuel é feito de baralho, arte marcial, individualidade e uma boa dose de Game of Thrones.
O problema é que o meu elemento X é composto de dez capítulos anuais. Só isso.
Eu vejo os fãs inveterados de séries se desdobrando para acompanhar diversas temporadas no ano, e eu até entendo. Mas nada, nada se compara ao meu vício terrível por Game of Thrones. Acho que eu já li quase tudo que foi escrito a respeito - e o que eu não li, na verdade, é porque vai entrar em promoção em breve [tô especialista em encontrar promoções de produtos sazonais, obrigado, seriado].
Stannis, Daenerys, Jon - Querido Jon, com o perdão do trocadilho - Tyrion, Mindinho [sempre achei Littlefinger mais apropriado pela mordaz ironia], Varys, Arya, Sansa. Tantos nomes conhecidos, todos eles traçados com sangue na ponta da espada. 
E as Serpentes da Areia. #TeamOberyn de fato.
Oberyn Martell sempre será meu personagem favorito, mesmo não sendo um dos heróis da história. Pedro Pascal o interpretou divinamente bem - é um daqueles personagens que na série foi melhor que no livro e por isso recoloriu as cenas do livro com novas cores e texturas. Pedro, valeu por me fazer reler tudo de novo com um olhar diferenciado.
E, levando em consideração que [SPOILER] a cena mais tórrida de sexo do livro é com uma das Serpentes da Areia [/SPOILER], e levando em consideração a habilidade da HBO em extrair sexo até onde não tem - vide o amor entre Loras e Renly, era só uma sugestão no livro... - eu já imagino o grau que essa cena vai ter...

Mas hoje o impacto é maior. Boyce Avenue, uma das minhas bandas favoritas me deixou em estado de catatonia. Imagine sua banda favorita tocar a trilha sonora do seu seriado favorito?
Então.