domingo, 28 de dezembro de 2014

Praia, fim de ano e infraestrutura


Como muitas pessoas durante as festas de fim de ano, fui passar uns dias no litoral.
Obviamente, praia, sol e comida bacana são coisas atrativas quando você passa 90% do seu tempo na frente de um computador em São Paulo. 



Entretanto, indo um pouco além dos atrativos, é interessante observar o funcionamento das cidades litorâneas. Neste caso, prefiro me ater às especificidades das cidades do litoral norte, embora hajam casos semelhantes espalhados pelo país. 

No quarto semestre da faculdade, era parte da disciplina de planejamento urbano ir à uma de quatro cidades do litoral norte de São Paulo: São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba ou Ilhabela. O objetivo era fazer pesquisas a respeito da dinâmica econômica e urbana, levantamento de dados, entrevistas, filmagens e fotografias. O objetivo final era realizar uma análise do territórios, dividida em duas vertentes (econômica e turística) e desenvolver propostas de cunho urbanístico de modo a minimizar as deficiências e complementar o que já existia. 

A divisão entre econômico e turístico era o ponto chave do trabalho: enquanto financeiramente dependente das temporadas, as cidades possuíam (e muitas ainda possuem) infraestrutura precária para arcar com o aumento populacional. Um simples exemplo disso é o levantamento de dados divulgado pela Fundação SEADE na época da pesquisa: o índice de saneamento básico em uma das cidades não chegava a 20%. O resultado disto eram praias próximas aos assentamentos urbanos, que se conservam relativamente limpas o ano inteiro, chegarem até a mudar a cor da água e receber a bandeira vermelha da Cetesb de impróprias para banho, na época de aumento de turistas.

Além dos problemas de infraestrutura, as cidades em questao têm dificuldade em lidar com a economia fora da época de turistas. Dependentes da sazonalidade, as cidades foram se desenvolvendo em torno disto, o que dificulta tanto a existência de um comércio estável (exceto aqueles, de certa forma, tradicionais, que atendem a população local), quanto até mesmo a manutenção de cursos universitários ou técnicos que não visem a área de hotelaria e administração - e mesmo estes correm certos riscos, já que nem sempre o mercado consegue absorver o número de profissionais disponíveis. 

Acabamos de sair de um período de eleições presidenciais e 2016 será ano de eleições municipais. Até chegar o ano eleitoral e a época de verão, as cidades revelam a falta de investimentos em infraestrutura, tanto para os cidadãos quanto para os turistas. Só para exemplificar, o aumento de IPTU em algumas áreas chega a 75%. Quem vai pagar a conta disso, no final, são os moradores.


Ainda quero saber quais as consequências disto para a população e de certo modo, em algum lugar, tenho esperanças de que haja melhoria na qualidade de vida e independência destas cidades. Até lá, só posso observar e dar apoio àqueles que cobram resultados.



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