domingo, 12 de outubro de 2014

O país das crianças

Algumas coisas revelam um país. Espero que o Facebook não seja uma delas.
Mantenho minha página ligada ao meu blog e evito comentários que possam colocar fogo na minha timeline. Tenho conseguido fazer isso muito bem, pelo menos durante um tempo.

Mas agora entramos no segundo turno das eleições presidenciais e meu barco virou por lá.  Fiz um comentário sobre os candidatos e de repente algumas pessoas começaram a discutir. O que não entendo é o teor das ofensas de ambas as partes, acho justo o debate e confronto de ideias, até porque é nosso voto o que vai decidir o próximo presidente, mas ofender os candidatos e quem vota neles me parece primário e infantil.

E vi que isso se repetiu em vários perfis, quem manteve seu Facebook cheio de ursos e algodão doce conseguiu ficar longe da baixaria virtual, mas quem se posicionou acabou levando uns tapas virtuais.

Tudo isso me leva a pensar que não somos ainda um país pronto para o debate, aberto a discussão, tudo fica polarizado e apoiado em argumentos pequenos e ofensivos. Não me parece o momento certo para discutir o caráter de quem vota, mas sim de quem está concorrendo a presidência.
A nossa posição política ainda é frágil e fechada a sugestões, o comportamento infantil que tantos insistem em manter atrasa o país.

E hoje o comércio recuperou um pouco o fôlego com a venda de brinquedos para o dia das crianças, reflexo puro de quem somos, esse país que ainda age e pensa como neném e na hora de votar corre atrás de um pai ou de uma mãe. Presidente é uma coisa que ainda não conhecemos, para chegar a isso primeiro temos que aprender a dialogar, até lá vamos ter que votar na mamãe ou no papai e defender eles das ofensas, como fazíamos na escola. De longe o Brasil parece um grande país, mas não passamos de uma creche lotada.

2 comentários:

  1. Desde março não sei o que é o Facebook me desliguei totalmente e quando comento acham "absurdo" ou desconfiam (pelo jeito que olham) que estou mentindo por ainda manter a conta ativa (e não ter trocado a foto para cinza ou coisa assim) então supõem que devo acessar e me fazer de espiã virtual e dizem - mas como pode não consigo ficar off-line em absolutamente nada durante minutos, principalmente com o Whatsapp quem dirá meses longe do Facebook. Daí, pergunto se o tal Whatsapp é de comer?

    Parei de acessar quando notei que tinha se tornado um vício, do tipo ser a primeira coisa a fazer na hora de acordar e a última antes de dormir, então comecei a me perguntar qual a importância, qual o benefício disso e percebi que era mínimo para não dizer nenhum principalmente se avaliado que ano de 2014 teria copa e eleições e a exposição massiva seria um fato e os comentários seriam exagerados e tediosos em exposição e preconceitos e haja muita, bastante e demasiada santa paciência.

    Terminada a festa dos horrores de pobres assistindo o divertimento dos ricos chega às eleições e perdura a massiva exposição, ou seja, comentários para se expor e não para expor ideias e contrapor propostas. A necessidade absurda do “eu” preciso dizer algo porque quero estar em evidência, em exposição, pois quero fazer parte dos que acham alguma coisa, quero mostrar-me a qualquer custo se torna desastroso, entediante e enfadonho para àqueles com restrita paciência e acredite não pude fugir totalmente porque isso aconteceu até em jornais virtuais, imagina em rede que se diga social é como suicídio ou assassinato da sanidade mental.

    O debate se presta única e exclusivamente a exposição e confronto de ideias e propostas e na falta disso quem está em busca de exposição pessoal usa ofensas, falta de bom senso e desrespeito para chamar atenção e se expor, como se fosse um produto numa vitrine.

    É triste e decadente, mas dizem que é o rumo da sociedade do espetáculo, em pensar que poderíamos angariar tantos benefícios e conquistas se fossem priorizadas as ideias ao invés da exposição.

    Mesmo assim acredito no potencial de qualquer rede social dos benefícios que podem fazer se bem usada, já imaginou se na época dos maiores pensadores e filósofos existissem as redes sociais?

    E quando perceber maior controle e paciência é provável que volte e se notar que ainda é uma vitrine humana, é certo que seja, sei exatamente o que fazer; enquanto militante de movimento social ou (pouco provável dada à escassez de boas propostas e veracidade de ideias revolucionárias, mas há de se cogitar a possibilidade) ou partido ao expor convites e ideias em demasia e muitíssimo sejam em post ou comentários.

    Enquanto isso mantenho o hábito e “vício” (sem exageros) de ler os blogs, acredito que tenham maior qualidade de ideias e propostas para colocar em evidência alguns debates necessários e importantes, contribuindo para desconstrução de verdades absolutas e nos provocando a (re)pensar e trocar ideias, quiçá Deus e toda energia do universo para sermos de fato adultos no debate.

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