sábado, 15 de março de 2014

Bença, padim

 Ultimamente tenho ouvido muitas reclamações de amigos, parentes e colegas de serviço relacionadas a um espécime que parece estar proliferando como Gremlins molhados nos ambientes de trabalho desse Brasilz. Popularmente conhecidos como "pupilos", "protegidos" ou "apadrinhados", são aqueles que conseguem empregos ou cargos graças à sua influência social.

Não tenho nada contra a pessoa ter um padrinho. Pelo contrário. Quisera eu ter um QI bem bom e estar em um emprego melhor ou ganhando mais. O que eu acho de uma imbecilidade ímpar é a criatura fazer do seu batismo o seu escudo e agir com irresponsabilidade, acomodar-se, prevalecer-se. É adubar o ódio dos colegas sempre lembrando a todos que ele tem as costas quentes. É ser um notório peso morto sem sentir remorso. 

Conheço afilhados que vivem em função dos seus padrinhos. Pulam de galho em galho, intercalando empregos medíocres. Querem saber do salário, não do trabalho. São imediatistas, desconsideram o fato de que o apadrinhamento pode acabar, sobretudo se o 'dindo' estiver em uma situação de poder instável como num cargo político, por exemplo. Parecem desconhecer a noção de competência, de satisfação e reconhecimento profissional. Contentam-se com migalhas.

Tudo bem. Eu sei que existe gente limitada e que o que é medíocre pode ser, nestes casos, um oásis. Mas é difícil acreditar que alguém seja absolutamente ruim em tudo. E se for, que pelo menos possua a decência de não pesar o ambiente de trabalho, não é mesmo? É a famosa teoria do feio (que tem a obrigação de ser simpático). Será que nunca passou por esses cocurutos a ideia de aliar o poder que o apadrinhamento tem à competência? Seria uma combinação difícil de superar. 

Mas se este tipo de afilhados é escória, grande parte da culpa recai sobre os padrinhos, muitas vezes negligentes. Aí você pode argumentar que tanta vista grossa se deve, geralmente, pelo fato de os padrinhos deverem enormes favores aos seus afilhados. Uma mão lava a outra, blá, blá, blá... e eu concordarei com você.  Mas será que padrinho nenhum no mundo tem vergonha (e culhões) para decidir colocar ordem na casa? 

Quem sou eu para entender a lógica nesse jogo de gente poderosa e influente. Sou apenas uma formiguinha operária blasfemando contra uma nuvem de cigarras. Padrinhos e afilhados, muitas vezes, se merecem mesmo. E se falta vergonha na cara, sobra esperteza. Pois eles sofrem de um oportuno problema de memória curta e não perdem nenhuma noite de sono fazendo balanço de suas vidas. 

Melhor deixar estar. Enquanto esse bando de afilhados fica fazendo algazarra, eu acredito estar reforçando meu estoque de suprimentos.  O inverno já está chegando e eu não estou nem um pouco afim de dividir minha sopa com desprecavidos em troca de cantoria irritante. 

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