sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Lembra aquele Setembro?

Você se lembra daquele Setembro de poucas preocupações? Aquele que passava muito rápido. 

Você lembra daquele Setembro de quando era criança? Aquele do "se-tem-brochove?” 

aquele Setembro que você comprou a sua primeira roupa, e com o seu primeiro salário, você lembra? 

Você lembra daquele Setembro em que você fez novos amigos, você lembra né? 

Tem aquele Setembro, em que você viu que não tinha outra opção a não ser encarar os fatos, lembra? 

Teve também o Setembro do “eu preciso mudar isso” esse você sempre lembra, claro. 

Você lembra aquele Setembro que você dormiu muito pouco, mas que se divertiu muito? 

E o bendito Setembro em que você estudou que nem um condenado, para depois passar outro Setembro trabalhando sem parar. 

E quanto Setembro tem pela frente, e eu sempre me lembro. 

Olha mais um ai! 




Abraço
Jeff

domingo, 25 de agosto de 2013

A sala de aula depois dos 30.

A idade aumenta e a tolerância diminui.

Começar um novo curso na faculdade depois dos trinta exige paciência no currículo escolar. Mesmo quando este curso é dirigido a pessoas com mais de 24 anos. 

Seus amigos estão ou já terminaram uma pós, guardam dinheiro (aquele dinheiro que você de um jeito suado, paga todo mês sua mensalidade) para comprar uma casa, planejar viagens e você deixa o chopp e o bar no meio da semana para estudar.

Sensação de coisas invertidas e o ponto de interrogação ao final de "por qual motivo não insisti em terminar o curso antes".

O pique está longe dos 17 anos, as obrigações dentro de casa e sua disposição já ultrapassaram os vinte anos. A paciência com aquele colega dentro da sala que tem uma opinião comprada numa revista de massa quase não existe e quando percebe, é a tia chata espalhando "xiuuu" durante o blá blá blá na explicação do professor.

Ao mesmo tempo, a responsabilidade que acompanha a idade torna o curso mais atraente, absorvendo e curtindo cada informação.

Veremos se sobrevivo até 2015 sem jogar algum pentelho pela janela da sala 105.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Pânico do Ônibus

Nem sempre fui gorda, mas sempre me preocupei MUITO com meu peso. Todo mundo tem só duas certezas na vida, eu tenho três: a morte, os impostos e as dietas.
Sou do tipo gulosa, que não sossega até ver o final do pacote e é viciada em açucar e gordura trans. Sempre fui assim. Sou de uma família de magros naturebas, onde "bolacha recheada" é palavrão. Odeio ser a ovelha negra gorda da familia. 
Aí você vai na onda dessas novas campanhas de beleza real. "Você é linda assim". "Se aceite". Dizem para você não se privar de nada, ser feliz e não se importar, mas só fazem roupas até 44. Sua bunda não cabe no banco do ônibus, você não arruma namorado, esmaga quem vai do seu lado no avião, sofre na cadeira do cinema e vai mal nas entrevistas de emprego. Colocam uma gordinha na novela, ela é zoada. Nunca vi uma protagonista gorda. Uma mocinha gorda. O mundo não é para pessoas gordas.
Ao mesmo tempo a Americanas faz promoção de chocolate, você encontra um Mc Donalds a cada esquina,  Pão de açúcar coloca pizzas a 6 reais, descobre o melhor pão de queijo do mundo na frente da sua casa e a loja de doces perto do trabalho aceita seu VR... as pessoas te convidam para almoçar, jantar, beber e nunca para ir à academia ou correr no parque. O mundo tem cabeça de gordo.
Já tentei as mais malucas maluquices para emagrecer, muitas vezes com apoio médico.   Tentei terapia por muitos anos, mas o terapeuta não achava um prolema meu relacionamento com a comida. Do ponto de vista dele, anormal seria se eu não comesse, e esse era meu objetivo. Acabou não dando certo. 
Por mais que falem que não, eu ainda acho que minha vida seria diferente se eu fosse magra. Eu teria mais confiança. 
Conheço gordas confiantes, mas comigo não funciona. 
Quero conseguir olhar no espelho e gostar do que vejo. Quero poder comprar uma roupa numa loja bacana e só me preocupar com o preço dela. Quero ter o direito de entrar no ônibus e não causar pânico. Para isso, segunda começarei uma nova dieta.
Porque a vida segue. De dieta, mas segue.


Difícil ser confiante desse jeito

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Gen - Pés Descalços

 Para aqueles que não gostam de se influenciar antes de ler qualquer coisa, um resumo do post: LEIA Gen - Pés Descalços!
(Um amigo, pois quem avisa amigo é)


Fazia uma linda manhã de sol em Hiroshima. Já passava das oito e o povo da cidade já tomava às ruas para mais uma segunda-feira de muita luta. Os adultos partiam para o trabalho para tentar garantir o sustento de suas famílias, o que nem sempre era fácil, já que o Japão estava em guerra e a maior parte dos alimentos servia para alimentar os soldados que estavam no front. As crianças caminhavam para mais um dia de aula, sempre na esperança de na volta encontrarem mais comida em casa que no dia anterior. O céu estava azul e sem nuvens e quem olhasse para ele veria um avião...

(...)

... um avião que algumas horas tinha partido do outro lado do mundo carregando uma bomba de urânio, a grande promessa do casamento entre a física moderna e a indústria bélica naquelas primeiras décadas de século XX. Promessa esta que era capaz de produzir uma reação química em cadeia e, em segundos, destruir vidas de milhares de pessoas como eu e você, a quem pouco importava a física moderna ou a indústria bélica.

E assim se fez. Alguém decidiu que aquelas pessoas - homens, mulheres e crianças inocentes - deveria morrer naquela manhã de 6 de Agosto de 1945 e quem olhasse para o céu azul de Hiroshima veria que do avião caia uma luz mais forte do que milhares de flashes juntos, uma luz que se aproximava e se intensificava e que, 45 segundos depois de ter surgido no céu de Hiroshima, consumava o maior crime de guerra da história da humanidade. 

Não satisfeitos, e sem a esperada rendição do Japão, os EUA fizeram o mesmo com outra cidade japonesa. Três dias depois, uma outra bomba - desta vez de Plutônio -  destruía a cidade de Nagazaki . 

O mundo jamais seria o mesmo.

(...)

Cento e quarenta mil pessoas morreram naquele e nos dias subsequentes em Hiroshima. Cerca de oitenta mil morreram em Nagazaki. Outras milhares continuaram morrendo nos anos e décadas seguintes por conta dos efeitos da radiação. Entre os sobreviventes estava um menino de 6 anos que só não morreu porque o muro de sua escola o protegeu dos efeitos da bomba. Seu nome era Keiji Nakazawa, o autor de Gen - Pés descalços.

Gen - Pés Descalços é uma daquelas obras-primas que devem ser lidas por todo aquele que respira. São 10 volumes (dos quais 5 já foram traduzidos pela Editora Conrad para o português) em que Nakazawa narra a história de sua família desde alguns dias antes do fatídico 6 de Agosto de 1945, passando pelos terríveis desdobramentos que a explosão da bomba atômica causou na população de Hiroshima. O poder narrativo de Gen é impressionante e me fizeram ler mais de 1000 páginas de mangá (os 4 primeiros volumes) em apenas 9 dias. O fato de Nakazawa ter vivido tudo aquilo torna tudo mais real, mais palpável, e a empatia com cada personagem é inevitável. A impressão que tinha é que estava lendo a história de um amigo próximo.

São muitas as questões que podem ser extraídas deste fantástico mangá, questões estas que não podem ser encaradas como questões do passado, mas questões eternas. E este é o grande mérito de Nakazawa: ele dá vida e voz para os mortos de Hiroshima (e Nagazaki). Saliento, entretanto, que a crítica contida em Gen não se restringe aos EUA, mas à própria guerra em si. Ele critica o próprio governo japonês, que liderados por um imperador com status de Deus (Hirohito), impelia milhares de jovens para morrer numa guerra cada vez mais sem sentido. Critica as guerras, todas as guerras, porque sempre os maiores prejudicados não são aqueles que fazem a guerra, mas invariavelmente a população mais pobre, vide os conflitos atuais no Oriente Médio.

E Como após ler Gen não conseguia parar de pensar no assunto, segue abaixo outras produções com as quais me deparei nos últimos dias.

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Gen - Pés Descalços (anime)

Em 1983, Gen foi adaptado para o cinema. Não gosto de fazer a clássica afirmação "o livro (ou o quadrinho) é melhor que o filme" porque entendo que são duas artes distintas  e sem comparação. O primeiro anime é uma adaptação dos 4 primeiros livros, além de passagens que não constam no mangá. Recomendo que o anime seja assistido após a leitura dos mangás. A versão que está lincada aqui está com legenda em inglês, porque recentemente o You Tube retirou a versão em português. Entretanto, ainda é possível encontrar a versão fragmentada em vários videos pequenos.


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Luz Branca, Chuva Negra: A destruição de Hiroshima e Nagazaki (filme de 2007) 

Keiji Nagazaki é um dos 14 sobreviventes entrevistados neste ótimo documentário dirigido por Steven Okazaki. O maior trunfo do documentário é a raridade do material exibido, mostrando cenas da época, bem como trazendo histórias de pessoas que sofrem até os dias de hoje por conta da bomba.

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Hiroshima, a cidade da calmaria (mangá de 2005, de Fumiyo Kouno)

Com um traço leve e uma narrativa quase poética, o mangá feito em decorrência dos 60 anos das bombas de Hiroshima e Nagazaki, mostra a história de duas jovens que não viveram a época da guerra, mas que ainda assim são marcadas pelo estigma da bomba. A mangaca mostra como uma bomba lançada há 60 anos ainda está provocando seus efeitos devastadores.
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Keiji Nakazawa morreu de câncer no último mês de Dezembro.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

De madrugada.

Já passava da uma da manhã quando Marcel, nosso protagonista, acordou em meio a escuridão.

Estava num desses hotéis, de centro de cidade, pequeno, mas aconchegante.
Num sobressalto, abriu os olhos e forçou sua audição, para tentar decifrar que música era aquela que tocava no rádio da atendente, que, pensava ele, estava a cochilar.

O dia havia sido agitado.
Procurava serviço, e havia encontrado aquela hospedagem para passar a noite. Mas sei lá...
Alguma coisa não encaixava.

Resolveu descer então para o primeiro andar, o térreo, na verdade.
A construção não permitia que crescesse tanto assim.

Ouviu risadas. 

A menina conversava alegremente com um vigia, que fazia rondas ali pelas ruas do bairro, e que naquela noite, resolvera espantar a solidão com a moça do Hotel.

Queria voltar a dormir, mas mesmo com sono, não conseguia.

Resolveu então pegar o laptop, e tentar compôr algo pro dia seguinte.
Infelizmente, seu bloqueio criativo, que estava atravessando nos últimos meses, não o deixou.

Passaram horas. A insônia chegou. Assim como o silêncio também, uma vez que o vigia há muito saíra para suas rondas, e a moça, que antes faladeira era, agora dormia um sono profundo, encostada junto a uma velha e pesada cadeira.

Ficou meditando um pouco ali, sobre as coisas que vinham acontecendo.
Coisas de que ouvira falar. Mas que não podia ter certeza se era mesmo verdade.
Tinha tomado a decisão de, que assim que amanhecesse o dia, começaria sua investigação na cidade à qual acabara de chegar.

Sm. O hotel fazia parte daquele mistério todo.
Mas isso é assunto pra uma outra hora.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Miséria é miséria em qualquer canto. Riquezas são diferentes.

Fazer uma viagem é algo bem pessoal. Não há uma fórmula ou manual a ser seguido e assim viajar de forma correta. Dizem até que para duas pessoas se conhecerem bem de verdade precisam fazer uma viagem juntos, assim podem ter contato com uma série de situações inusitadas e empecilhos que revelam como o, até então, amigo realmente é.

Assim como não há fórmula, não há também certo ou errado. Alguns preferem cruzar o mundo para encarar os dias acordando às quatro da tarde, comendo no McDonnald´s e correndo para uma boate, para ouvir música eletrônica até o dia raiar. Gosto não se discute, só se contesta o fato de gastar uma fortuna com passagem e hospedagem para passar as férias fazendo o que se pode fazer em qualquer cidade, sem nada característico.

Recentemente consegui concretizar o velho sonho de viajar para a ilha de Cuba. Paraíso caribenho com paisagens encantadoras. É claro que uma visita à praia era inevitável, principalmente com o calor do verão em uma latitude equivalente ao Rio de Janeiro, mas Cuba é tão particular e praias são tão genéricas!

Minhas principais e mais profundas referências sobre a Ilha eram as obras de Fernando Morais, Frei Betto, Ignácio de Loyola Brandão, entre outros intelectuais que escreveram sobre a Ilha alguns anos depois da revolução. Os dois problemas em relação a isso é que por mais rigorosos que fossem, seus livros não deixam de ser a visão de estrangeiros; e depois de algumas décadas tudo está bem diferente.

Como também sou estrangeiro e faço um relato bem mais resumido, é evidente que não tenho como abordar tudo o que gostaria. O que posso dizer é que, distante do sonho que desperta o livro “A Ilha” (Fernando Morais), graças à falta de industrialização ao longo dos anos de revolução, Cuba está muito, mas muito distante do inferno na terra que muitos pregam.

É evidente que existem problemas. Se pensarmos nos países vizinhos, ou seja, Belize, Honduras, Haiti, Jamaica, etc., vemos que a colonização deixou feridas difíceis de cicatrizar e o atual modelo econômico faz com que o desenvolvimento desses pequenos territórios seja um desafio para qualquer governo – o que, sem dúvida, não os isenta de algumas medidas desastradas.

Mas cubanos querem fugir de Cuba! Exato. Assim como brasileiros arriscam a vida para cruzar o deserto entre México e Estados Unidos, ou assim como escandinavos largam tudo para construir uma pousada no interior do Rio Grande do Norte. Sem dúvida um governo tem a obrigação de deixar a cargo de cada indivíduo a liberdade de deixar ou não o país, mas tentar voltar todos os holofotes para a população que deixa a Ilha, como se isso não ocorresse em nenhum outro lugar do mundo, é fechar os olhos para as semelhanças com outros países.

Foi fora do circuito turístico, longe dos guias e próximo à população que pude notar o senso crítico das pessoas em relação ao governo, as demandas que vão mais a fundo do que um shopping moderno, livros que não chegam a cinco reais (os mais caros), negros e brancos frequentando os mesmos bares, pois ainda que a desigualdade social exista, há também valores de igualdade que vêm sendo trabalhados ao longo de vários anos.

Enfim, o debate sobre o que é bom ou ruim em Cuba é inevitável e inevitavelmente contaminado por ideologias contrárias e favoráveis. Conhecer aquela realidade de perto contribuiu para muitas de minhas opiniões. Para não dizer que não tive problema com a falta de liberdade, foi difícil conseguir comprar Euros para embarcar. Por determinação do Banco Central, em virtude do embargo, as casas de câmbio não podem vender moeda estrangeira para quem vai viajar para Cuba (determinação do Banco Central brasileiro, não cubano).

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Me erra?

Nos anos 90, me lembro muito bem, eu era o típico adolescente nerd do colégio que sofria bullying por ser baixinho demais, inteligente demais, gay demais e/ou social de menos. Me lembro que, assim como a maioria desse perfil de aluno, eu era romântico e cheio de paixões platônicas. Pretendia achar um grande amor e viver com a mesma pessoa pra sempre. Casar, ter filhos, nossos carros, nossa casa... passar por todos os momentos felizes que um casal passa junto e especialmente pelos momentos tristes.
Eu sempre achei as dificuldades algo a ser valorizado. Algumas pessoas fogem delas e preferem não vivê-las. Quando olho pra trás vejo que minha vida atual é resultado, especialmente, das dificuldades que passei. As felicidades são incríveis, mas nelas eu me acomodo, quero ficar ali pra sempre. As dificuldades me incomodam e me fazem querer mudar, melhorar, sair dali... e crescer. Sempre achei que um casal, pra se firmar como casal, tem que brigar, discutir, passar pelas dificuldades juntos e colecionar algumas cicatrizes em comum.
Hoje em dia eu sou um adulto um pouco diferente do que eu era. E muito maior. Mas os meus desejos e paixões platônicas continuam iguais. Ainda não achei a pessoa que sonho em encontrar desde a adolescência, mas de forma alguma deixei que a frieza da atualidade me corrompesse. As facilidades no ramo da comunicação hoje em dia acabaram por facilitar tanto a comunicação entre as pessoas, que acabou por afastá-las.
Em um mundo em que as pessoas escolhem com quem se relacionar através de telas de computadores e celulares, os defeitos viraram parte eliminatória. "Não gostei da orelha desse", "o cabelo dessa é ruim", "magro demais", "gordo demais"... praticidade demais e sentimento nenhum. Desde quando as características físicas são o que mais importam nas pessoas? E desde quando elas definem a personalidade de alguém?
Eu sei que o mundo evolui e que adaptações devem ser feitas, mas essa praticidade fria não me pegou ainda. E pretendo nunca me render a ela. Eu, que sempre me interessei mais pelos guardas do castelo do que pelo príncipe encantado, sempre me apaixonei pelos defeitos. E as pessoas hoje em dia, em suas vitrines exibidas pelos aplicativos de celular e redes sociais, cada vez os possuem de menos. E eu, que nunca suportei gente perfeita, vou continuando sozinho até achar alguém que, perdido no tempo como eu, ainda possua defeitos.

domingo, 18 de agosto de 2013

Raras maneiras de me sentir em Cuba (e um cabo submerso)

Já se imaginou Brasil meu, vivendo neste mundo moderno sem internet? Já pensou, sem nosso federal “ponto com ponto br”? Sem seus acesos a redes sociais, suas contas onlines ou aquele filminho básico no youtube? Já se imaginou sem ler o Blog das 30 pessoas
Quem nasceu em Cuba tem “um” que a mais nesse árduo treinamento contra um mundo aonde necessidades suprem outras necessidades. Vivi 27 anos sem internet e ainda hoje, pouco mais de 11 milhões de cubanos vivem sem esse recurso tão importante da comunicação e os negócios.
“Não é possível”, dirão uns.
Pois é, internet em Cuba se limita a velocidades ultrabaixas de transferência de dados numa rede interna que obviamente é controlada e vigiada pela Seguridad del Estado. Edifícios públicos, universidades, centros ligados à pesquisa médica ou técnica, alguns poucos centros culturais servem de ponto de acesso a um mundo afastado a megabytes de distancias com conexões discadas e instáveis. A interfase do poderoso google  demora mais do que passar um café para os seus convidados.  Hotéis e um que outro cybercafé, exibem com luxo seus 256 Kbps e cobram pouco mais de 6 pesos conversíveis cubanos (CUC) por hora se você quiser se usufruir do seus serviços.
Já o endereço eletrônico termina parecendo mesmo uma piada: PONTO COM PONTO CU. Um “cú” mesmo.  Uma grande bosta.
Essa internet é chamada como INTRANET, ou seja, uma conexão interna, fraca, sem liberdade de pesquisa, seja pela pouca qualidade do serviço seja pela censura de acesso a sites internacionais.
Essa pouquíssima relação com internet me faz quase um aleijado virtual. Uma relação de vítima do mundo atual. Eu, e meus onze milhões de conterrâneos nascidos e criados nos últimos anos na ilha.
Ter internet – ou mesmo Intranet - te faz uma pessoa querida, visitada, potencialmente poderosa. Os amigos ou amores ou tua família, farão comuns suas visitas na sua casa, ou mesmo, no seu emprego com o supremo objetivo de dar aquela “revisadinha” no gmail, escrever nem que seja uma frase na sua linha do tempo facebokiano, quem sabe fazer uma pesquisa de como viver num outro país, máximo resolver algo relacionado ao seu mestrado ou ao trabalho de curso de um de teus priminhos.
Eu criei minha primeira conta de correio eletrônico no ano de 2002 ou 2003. Era um yahoo que demorava no mínimo meia hora em abrir a interfase. Era meu nascimento virtual: dmisrock@yahoo.es. Assim troquei minhas primeiras mensagens com universitários norte-americanos que conhecera num intercambio de escritores em La Habana. Assim escrevi minhas primeiras paqueras virtuais. Assim, depois do arcodecello@gmail.com, me mantive em contato com a Natalia depois que nós conhecêramos numa tarde habanera e até que nós voltamos encontrar um ano depois.
Anos depois, eu já morando no Brasil e os meus pais ainda em Cuba, passávamos longas temporadas sem podermos comunicar via web. Minha mãe pouco acostumada com essa situação foi quem mais sofreu até que meu pai decidiu pagar uma “cuenta”. Isto é, pagar para alguém que tendo autorização de instituições, conseguia colocar um ponto de acesso na sua casa. A taxa correspondia a uma porcentagem do tempo total de acesso que o dono da conta possuía e com o qual, meus pais, poderiam ler e escrever correios eletrônicos, receber as fotos do seu filho na sua nova pátria e sua nova família. Se a irregularidade era descoberta o dono da “cuenta” perdia-a e ainda poderia ser reprendido pela a empresa que o empregava.
Até hoje se escuta a lenda de um tal cabo de fibra ótica submerso que vindo da Venezuela – na era Chávez – traria finalmente a liberdade virtual à ilha (isso considerando que o problema de internet é que os Estados Unidos bloqueiam o acesso). Até hoje não sei qual é a real desse cabo, porque de fato não teve em Cuba nenhuma mudança que permita aos meus pais ou qualquer outro cubano comum de acessar a internet livremente.
Nas últimas semanas tenho me sentido em Cuba. Nem o calor nem a censura política exatamente foram as causas dessa sensação. Depois que a Mari, que dividia o cafofo comigo, saiu de casa, o dono do imóvel – um quartinho num cortiço na Vila Gomes – ele tirou o wi-fi. Sem grana para novos contratos, à espera de mudar de novo fiquei sem o sagrado contato virtual. Treinado às antigas, virei usurpador de redes, minutos roubados de conversas reais para me conectar no virtual. Deixei um pouco de lado este blog. Minha mãe de novo se preocupou. Mas fazer o que, o jeito mesmo é viver. BEM VIVER... 
(abril, 2013)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

De marré deci

Mais um dia 15 se passa e eu ainda não ganhei na Mega Sena.

Quem sabe, até o próximo dia 15 eu comece a jogar.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

TAO

Já está tudo dito e escrito.

Precisamos aprender a ler e escutar.

Ikai Sakuraa  - meu novo facebook ;-)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sobre o tempo

No dia do dia mais triste eu corri.
A mulher das mentes disse: Caminhe, ande, ande muito; e eu, corri.
Como se fosse vencer as horas, a lógica, a rotação da Terra, a relação do tempo e espaço.
Nem mesmo os pés de Hermes teriam me ajudado nessa tarefa.
Ao sabor do sal, da maresia, do pranto, das buzinas e da fumaça, me aligeirei.
A gosto do desgosto de agosto, ainda corro; 
mesmo sem continuar sabendo como, quando e onde chegar.
Corro, mas alterno corridas, passadas largas e caminhadas. 
Corro e não paro; mesmo quando, estafado, há desejos súbitos para tal.
Apenas desacelero.
O dia do dia mais triste ainda está lá; latente, mas está.
Ainda entristece...com trovões, nuvens negras...três, treze, trinta dias. 
Mas tem ficado mais distante.
Também, de súbito, acho que serei mais rápido.
O que poderia ser mais relativo que esse nosso tempo?


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Novo lema da polícia brasileira:dane-se

Quando meu sobrinho tinha três anos eu tentava explicar tudo pra ele. Uma vez fomos no parque e ele queria subir em um brinquedo, mas tinha que esperar na fila, coisa que ele não gostou e fez birra. Eu tentei explicar pra ele como funcionava uma fila, mas ele não parecia interessado. A mãe dele se irritou comigo e disse: Iara, ele não tem idade ainda pra entender o que você está tentando explicar.
E recentemente fiquei com a impressão que a polícia de São Paulo e do Rio de Janeiro, talvez do Brasil inteiro, está com a mesma sensação que eu tive com meu sobrinho, pra que explicar alguma coisa se ninguém parece ter idade pra entender?

Desde que os tempos são tempos a polícia sabe fazer muitas coisas menos montar uma história. Sempre me surpreende isso, que ainda não consigam seguir uma lógica e montar uma versão que pareça real.
Quando o jornalista Vladimir Herzog morreu durante uma sessão de tortura,em 1975, os militares correram para montar a versão de suicídio. Montaram a cena e chamaram um fotógrafo, mas foram tão toscos que a mesma foto provou a versão contrária, era impossível alguém ter se suicidado naquelas condições, não havia nem a distância necessária entre o chão e os pés para que um suicídio tivesse acontecido.

E não é só no Brasil que isso acontece. A polícia é rápida para matar e sumir no mundo inteiro,mas sempre se enrola na hora de explicar.
Os americanos são os que mais berram, gritam, ficam malucos se alguém tenta entender o que aconteceu, logo eles vão grudando etiquetas de   `terrorista ´ em qualquer um e assim o assunto é encerrado.
Perguntei pra um conhecido que é delegado porque as versões sobre suspeitos e o crime são sempre tão atrapalhadas. Ele me disse que não é assim, o problema é que a imprensa pressiona muito e não deixa a polícia trabalhar em paz, então eles tem que soltar alguma versão rápida pra se livrar da imprensa.
Ah,entendi. Então pessoas somem, desaparecem, morrem e a culpa é da imprensa?
Mas a polícia brasileira já superou essa fase de `ser pressionada pela imprensa ´,agora entraram em outra fase, parecida com a da mãe do meu sobrinho, não querem perder tempo explicando nada porque acreditam que as pessoas não vão entender.

E não é questão de explicar ou não, esse não é o dever da polícia, o trabalho deles é resolver e determinar como as coisas aconteceram, então eles vem e mostram os resultados.
E agora começou uma nova modalidade na polícia, lavar as mãos publicamente, jogam na cara de todos seu novo lema:dane-se.
Nem se enrolam mais, estão com preguiça,protegidos pelo corporativismo e pelo Estado, decidiram que a sociedade não precisa mais de explicações e não vão mais fazer isso. Já não cansam a mente inventando e bolando histórias, agora é só falar o que der na telha.
Um pedreiro Amarildo sumiu no Rio de Janeiro, depois de prestar um depoimento aos policias da UPP da Rocinha.
Desde que ele sumiu muitas pessoas têm protestado, foi tanto o barulho que chegou até a imprensa internacional,que também pressionou. E a polícia do Rio de Janeiro teve uma atitude inédita, deu as costas e mandou todo mundo pastar, dizem que não sabem de nada, ninguém viu nada. Depois de muita pressão jogaram a culpa nos traficantes, mas a denúncia não chegou a lugar nenhum.
Em qualquer outro momento a polícia teria montado uma história, até porque o governador e prefeito do Rio de Janeiro estão suando frio com a repercussão, virou uma questão política, mesmo assim a polícia finge ser surda.

Já em São Paulo uma família inteira de policias militares são mortos, o pai, a mãe, o filho, a avó e a tia. A polícia foi pressionada e acabou montando as pressas uma versão absurda,jogou a culpa no filho do casal. E ponto.
O problema é que atrás desse descaso, dessas versões de `dane-se ´ aparece um panorama mais sinistro do que se pode pensar. A polícia é parte da estrutura de uma sociedade e ninguém está pedindo histórias montadas, mas que eles façam seu trabalho, o que qual recebem para isso. Alguma coisa aconteceu e houve uma ruptura, que de certa maneira sempre existiu,mas agora eles não fazem mais questão de disfarçar, o corpo policial acha que não deve satisfação de nada para ninguém. Não perdem mais tempo inventando nada, agora se limitam a dizer - Dane-se.
Que o sistema colapsou eu sempre soube, desde que eu nasci.Mas ver uma parte desse sistema como a polícia levantar os ombros e mandar todo mundo pastar é inacreditável.

Agora a polícia trata a sociedade inteira como se fossem apenas crianças de três anos que não conseguem digerir uma explicação. Mas atrás desse descaso vem aquela sensação de que a polícia acredita estar acima de tudo e senão quer explicar, não vai explicar nada.
Essa parte é a que me dá medo, uma polícia na rua que acredita estar acima do bem e do mal, não se consideram parte de um mecanismo da sociedade, mas uma célula avulsa, protegida e superior, que têm suas própias regras.

E o Brasil colapsou pelos dois lados, por uma polícia que acredita que todos os cidadãos têm três anos de idade e por toda uma sociedade que se comporta como se tivesse  essa idade,ignorando seus direitos.
A situação é caótica, a polícia se defende dizendo que recebe salários baixos e não tem equipamentos de segurança suficientes. Nunca se sentiram obrigados a prestar um bom serviço afinal o plano de carreira é péssimo e as condições ruins, então para que sair as ruas se arriscando?E agora além de tudo nem explicações querem dar.
Pra quem dizia que não podia ficar pior, ficou. Uma polícia inventando histórias absurdas é uma coisa trágica, mas uma polícia se negando a dizer qualquer coisa é bem pior, porque o silêncio mata mais do que a mentira.

domingo, 11 de agosto de 2013

Antes da Chuva

Voltando pra casa, fugindo da chuva, sério e inexpressivo, comecei e pensar onde foi parar aquele meu espírito agradável que ria de qualquer bobagem. Alguns condenavam e me achavam infantil quando agia dessa maneira, mas e agora, faço eu parte dessa massa?

Nesse mesmo caminho, duas senhoras riam sozinhas do outro lado da rua, enquanto brigavam com o vento que dobrava o guarda-chuva delas para cima e as faziam se molhar.

Na mesma calçada que eu, o mesmo vento se divertia com duas garotinhas que recebiam as gotículas geladas que ele fazia cair das folhas das árvores encharcadas. Elas riam como se fosse algo mágico e único, embora seus pais esbravejassem quaisquer bobagens sobre a atitude do “menino vento” e tudo ao mesmo tempo.

Nesse mesmo tempo, o mendigo tentava fazer um pouco de fogo debaixo da carroça de carregar papelão, e se eu fosse ele, ficaria irritadíssimo com cada sopro que o vento dava pra apagar meu fogo. Vento maldito!

Enquanto tudo isso acontecia, eu fugia. Já não sei mais porque eu fugia,  de fato. Mas estava assustado e injuriado, o vento também resolveu me perturbar. Soprava a garoa fina bem na direção do meu rosto. Ah! Como eu estava odiando. E antes que essa viagem de cinco minutos terminasse; uma bicicleta desgovernada quase me atropelou!

“Olha para onde anda com essa droga!” – eu quis esbravejar. Mas logo me coloquei a rir ao ver que eu quase fora atropelado por uma velha amiga. Quanto tempo não a via.

Encontre mais no livro Rascunhos Vivos

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Por qual lente eu vi o amor entrar?

Tudo me leva a refletir. Pensar. Não, nada disso! Tudo me leva a pensar em você. Também não é isso ainda. Tudo me leva a pensar no amor que sinto por você Tudo me leva a amá-lo. Na verdade, a reflexão é oxigênio para minhas ações. Minhas ideias são ferramentas para melhor demonstrar amor por você. Afinal de contas, diante de tantas pessoas naquela festa, diante de tantas músicas, danças... depois de tantos olhares (correspondidos ou não) foi o seu olhar que escolhi como objeto do meu amor. Estou aqui, hoje, agradecido, reflexivo, pensativo: por qual lente eu vi o amor entrar? Por qual lente os meus olhos te viram e se encantaram? Então, vejo você sorrindo ao meu lado, aquele sorriso de timidez por estar sendo olhado, encarado e chego a seguinte conclusão: escolhi olhá-lo pelas lentes da verdade que você é. Não foi pelo seu emprego, pelo seu salário. Nem tampouco pelo seu físico, por você falar vários idiomas. Não foi pelas suas roupas... Nem pela sua dança, ou pelo tombo que você levou na minha frente e ficamos rindo horas juntos. Não. Encantado fiquei, naquela noite, quando vi em você a mistura de um menino-homem que sabia ser feliz e sabia o que queria: ser feliz ao meu lado.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Auto Ajuda Vol1

Objetivo da vida:  Ser Feliz.

Como?

Estabeleça três metas (razoavelmente possíveis) para ser feliz, uma a curto, uma a médio e uma a longo prazo.

Verifique que nenhuma meta ameace a outra.

Boa sorte!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Breve comentário sobre pontos de vista

Para Amilcar de Castro a vida não é uma gama de opções e a verdade nua e crua é essa: eventualmente você tem que mudar de caminho. Se isso implica em se torcer, se revirar, se quebrar, pouco importa. Não interessa como, a curva se dará. Ferro, chumbo, aço - a curvatura será feita e afetará nosso caminho perfeito.
Certamente uma visão crítica desse inevitável que nos rodeia e pode estar ali na esquina.
Quem nunca esteve numa situação dessa de não saber como a vida vai seguir, só sabendo que uma curva de diferenciação existirá de alguma forma - mesmo se o destino se apresente firme como ferro ou aço?
E dá-lhe observar em 360º toda a quebra pra descobrir onde nos sentimos mais... Nós mesmos. 



Ao lado de Amilcar, surge Lygia Clark. E eu começo a desconfiar que para ela nada é tão assim preto no branco. Há modos de se realizar essa mudança, mas sabendo que um movimento mínimo irá reverberar em toda nossa estrutura. Isso já é melhor que a inevitabilidade de ter que se fundir pra se continuar vivo. Não é só a dobra que importa! Nós temos dobradiças que se movem conforme o ritmo pede. Embora, como já dito, causam um "efeito borboleta" em toda nossa estrutura.

Não consigo parar de pensar no modo Lygia Clark como uma visão única (porém não exclusivamente) feminina. Convivo com muitas mulheres e vejo isso o tempo inteiro, todo dia, toda hora. Embora não considere uma característica exclusiva da mulher, ainda considero esse jeito de corpo uma característica do feminino - e quem duvida que todos temos "uma porção mulher" que se resguarda?


Curvas, dobras, dobradiças. Feminino e masculino. Preto, branco e colorido.
É uma forma da arte dizer que não importa o rumo e sim a escolha.

Pedro.
x

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Santa Fe

Quebre as lâmpadas
entupa a pia
goze nas paredes
aperte a campanhia de todos os vizinhos
e dance tango nu em plena avenida.

(Cleyton Cabral)

domingo, 4 de agosto de 2013

Desejo.

Eu não faço segredo de que sou fã do Gaiman. Porque, simplesmente, fazer segredo disso é negar parte do meu momento que está sendo de um prazer inenarrável. Nunca me esquecerei da primeira revista que li, ainda online, e de ligar para minha namorada em seguida e ela dizer: "você está diferente".
Sim. Eu estava.
Sandman é uma história que, mais que marca, tatua. Você não é mais o mesmo, você é um dos Sete D, ou um pouco de cada um deles com um tom puxado para um deles. Eles lhe antecederam, eles lhe sucederão, até que a Morte feche a porta depois que Destino passar. 
A maior parte dos que conheço se apaixona perdidamente pela Morte, o que é previsível. Ela é apaixonante. Outros há que se apaixonam por Destruição. O que também é previsível, ele é apaixonante. Conheci um apaixonado que via Delírio em seu reflexo. Quando se trata dele, é previsível, porque ele é apaixonado. 
Mas eu me apaixonei por Desejo (talvez, o mais correto é desejá-lo, mas eu não sou muito bom em partir do óbvio). Foi no seu espelho que vi o meu reflexo, mesmo sabendo que ele, juntamente com Desespero e Destino, não era um dos mais, com o perdão do trocadilho, desejados.  E o curioso é ver que este personagem é uma das maiores lacunas de Gaiman na série. Segundo o autor, se escrita pela ótica de Desejo, as coisas seriam muito diferentes. E sim, elas seriam, mesmo.
E, sobretudo, eu sou apaixonado pelo Desejo de The Endless Nights (existe uma tradução, mas o trocadilho é que faz valer a pena). Desejo no traço de Milo Manara. Aquele que está para além do sexo no traço de quem sabe o que esperar do sexo. Desejo exalando pêssegos pela boca e colocando suas sombras sobre o destino de quem, por si só, deseja um incêndio na floresta quando tudo que uma pessoa deseja é um tremular de vela.

Tudo é dual em Gaiman, e não é possível ter uma referência só.

Especulou-se durante a série que, além de poder enxergar sua própria esfera de influência, os Perpétuos também poderiam definir os opostos dos conceitos que representam. No caso da Morte, que não só finaliza vidas como também as começa. É sinalizado este dualismo pelo grande interesse (que não necessariamente coincide com talento) que Destruição apresenta por várias atividades criativas, como arte, poesia e culinária - mas não se poder descartar a hipótese de que esta seria a forma que Destruição encontrou para se rebelar contra sua própria natureza, ao invés de assumir seu papel e função. Outro exemplo notavel é de Morpheus em "O Sonho de Mil Gatos", no qual ele foi capaz de criar uma realidade alternativa por certos grupos de indivíduos meramente sonharem por esta realidade. E assim mostrando que, mesmo de uma maneira indireta, Sonho tem o poder de moldar a realidade.
Se esta hipótese se estende aos outros Sem Fim, então também Delírio pode definir sanidade; Desespero, esperança; Desejo, satisfação (ou talvez contentamento, ou apatia, ou ódio); Destino, liberdade; e Sonho, por sua vez, realidade. (Foi notado que Desejo e Desespero são opostos, já que desejar algo significa reconhecer que seu desejo não pode ser alcançado, e daí nasce o desespero). Esta hipótese se baseia numa noção que Gaiman tem, de que contrastes e limitações são necessários para determinar o valor de qualquer coisa: sem a morte, a beleza da vida seria ignorada; sem desespero, a felicidade (ou a esperança) não teria significado; sem a loucura, não se poderia falar em sanidade.

Mas a primeira impressão foi impactante, as demais não deixaram de ser. Já i tudo o que caiu em minhas mãos do Gaiman. Deuses Americanos. Belas Maldições. Coisas Frágeis. Lugar Nenhum. E tanto mais ainda falta... E ele não pára!
 
Como prévia, deixo aqui um impacto que ele me causou há algum tempo
Impactar-se é necessário. Façam boa arte disso. 

E, quando eu falo de Arte, falo de arte, e da nossa Arte. Porque são uma só, embora duais.

Eu nunca realmente esperei me encontrar dando conselhos para pessoas se graduando em um estabelecimento de ensino superior. Eu nunca me graduei em um desses estabelecimentos. E nunca nem comecei um. Eu escapei da escola assim que pude, quando a perspectiva de mais quatro anos de aprendizados forçados antes que eu pudesse me tornar o escritor que desejava ser era sufocante.
Eu saí para o mundo, eu escrevi, eu me tornei um escritor melhor na medida em que escrevia mais, e eu escrevi um pouco mais, e ninguém nunca parecia se importar que eu estava inventando na medida em que eu prosseguia, eles simplesmente liam o que eu escrevia e pagavam por isso, ou não, e frequentemente eles me encomendavam alguma outra coisa pra eles.
O que me deixou com um saudável respeito e admiração pela educação superior do quais meus amigos e familiares, que frequentaram universidades, se curaram há muito tempo atrás.
Olhando para trás, eu trilhei uma caminhada memorável. Não tenho certeza de que posso chamá-la de uma carreira, porque uma carreira implica que eu tivesse algum tipo de plano de carreira, e eu nunca tive. A coisa mais próxima que tive foi uma lista que fiz quando tinha 15 anos com tudo que eu queria fazer: escrever um romance para adultos, um livro infantil, uma revista em quadrinhos, um filme, gravar um audiobook, escrever um episódio de Dr. Who… e assim por diante. Eu não tive uma carreira. Eu simplesmente fui fazendo a próxima coisa da lista.
Então pensei em contar para vocês tudo que eu gostaria de saber de saída, e algumas coisas que, olhando para trás pra isso, suponho que eu sabia. E também em dar o melhor conselho que já recebi, o qual falhei completamente em seguir.
O primeiro de todos: quando você começa em uma carreira nas artes você não tem ideia do que está fazendo.
Isso é ótimo. As pessoas que sabem o que estão fazendo conhecem as regras, e sabem o que é possível e o que é impossível. Vocês não. E vocês não devem. As regras sobre o que é possível e impossível nas artes foram feitas por pessoas que não tinham testado os limites do possível indo além deles. E vocês podem.
Se vocês não sabem que é impossível é mais fácil fazer. E porque ninguém fez antes, não inventaram regras para evitar que alguém faça de novo, ainda.
Em segundo, se você tem uma ideia do que você quer fazer, sobre o que você foi colocado aqui para fazer, então simplesmente vá e faça aquilo.
E isso é muito mais difícil do que parece e, algumas vezes, no fim, muito mais fácil do que você poderia imaginar.
Porque normalmente, há coisas que você precisa fazer antes de que você possa chegar aonde quer estar. Eu queria escrever quadrinhos e romances e histórias e filmes, então me tornei um jornalista, porque jornalistas têm permissão para fazer perguntas, e para simplesmente ir adiante e descobrir como o mundo funciona, e, além disso, para fazer essas coisas eu precisaria escrever e escrever bem, e eu estava sendo pago para aprender como escrever economicamente, claramente, às vezes em condições adversas, e em tempo.
Algumas vezes o caminho para fazer o que você espera fazer estará claramente delineado; e às vezes será quase impossível decidir se você estará ou não fazendo a coisa certa, porque você terá de balancear suas metas e esperanças, e alimentar-se, pagar as contas, encontrar trabalho, e se adequar ao que pode encontrar.
Uma coisa que funcionou para mim foi imaginar que onde eu gostaria de estar – um autor, principalmente de ficção, fazendo bons livros, fazendo bons quadrinhos e me mantendo através de minhas palavras – era uma montanha. Uma montanha distante. Minha meta.
E eu sabia que enquanto eu me mantivesse andando em direção à montanha eu estaria bem. E quando eu verdadeiramente não estava certo acerca do que fazer, eu podia parar, e pensar se aquilo estava me levando em direção à montanha ou me afastando dela. Eu disse não para trabalhos editoriais em revistas, trabalhos adequados que teriam pago um dinheiro respeitável porque eu sabia que, por mais atrativos que fossem, para mim eles estariam me deixando mais distante da montanha. E se essas ofertas tivessem aparecido mais cedo talvez as tivesse aceito, porque elas ainda me deixariam mais perto da montanha do que eu estava à época.
Eu aprendi a escrever escrevendo. Eu tendia a fazer qualquer coisa conquanto que parecesse uma aventura, e a parar de fazê-la quando parecia trabalho, o que significou que a vida não se parecia com trabalho.
Em terceiro lugar, quando você começa, você precisa lidar com os problemas do fracasso. Vocês precisam ser osso duro de roer, precisam aprender que nem todo projeto sobreviverá. Uma vida como freelancer, uma vida nas artes, é muitas vezes como colocar mensagens em garrafas, em uma ilha deserta, e esperar que alguém encontre uma de suas garrafas, e a abra, leia, e coloque algo em outra garrafa que fará seu caminho de volta até você: apreço, ou uma encomenda, dinheiro, ou amor. E vocês têm de aceitar que vocês poderão lançar uma centena de coisas para cada garrafa que aparecerá retornando.
Os problemas do fracasso são problemas de desencorajamento, de desespero, de ansiedade. Você deseja que tudo aconteça e você quer que as coisas aconteçam agora, e as coisas dão errado. Meu primeiro livro – uma peça de jornalismo que tinha feito pelo dinheiro, e que já tinha me comprado uma máquina de escrever eletrônica do adiantamento – deveria ter sido um bestseller. Deveria ter me pagado muito dinheiro. Se a editora não tivesse involuntariamente ido à bancarrota entre a primeira impressão se esgotar e a segunda sair, e antes que quaisquer direitos pudessem ser pagos, ele teria me dado muito dinheiro.
E eu dei de ombros, e eu ainda minha máquina de escrever eletrônica e dinheiro o bastante para pagar o aluguel por um par de meses, e decidi que eu faria o meu melhor para no futuro não escrever livros apenas pelo dinheiro. Se você não ganha o dinheiro, então você não tem nada. Se eu fizesse um trabalho do qual me orgulhasse, e não ganhasse a grana, ao menos eu teria o trabalho.
De vez em quando, eu esqueço essa regra, e sempre que o faço, o universo me bate com força e me relembra dela.
Eu não sei se isso é um problema para mais alguém além de mim, mas é verdade que nada que eu fiz na qual a única razão para fazê-lo fosse o dinheiro jamais valeu a pena, exceto como amarga experiência. Normalmente nunca dei o trabalho por encerrado ao receber o dinheiro, por outro lado. As coisas que fiz porque estava empolgado, e queria vê-las existirem na realidade, nunca me decepcionaram, e eu nunca me arrependi do tempo gasto com nenhuma delas.
Os problemas do fracasso são difíceis.
Os problemas do sucesso podem ser ainda mais difíceis, porque ninguém lhes avisa sobre eles.
O primeiro problema de qualquer tipo de sucesso limitado é a convicção inabalável de que você está fugindo com algo, e de que a qualquer momento irão descobri-lo. É a Síndrome do Impostor, algo que minha esposa Amanda batizou de Polícia da Fraude.
Em meu caso, eu estava convencido de que haveria uma batida na porta, e um homem com uma prancheta (não sei por que ele carregava uma prancheta, em minha cabeça, mas ele carregava) estaria lá, para me dizer que estava tudo acabado, e eles me pegariam e agora eu teria de ir e conseguir um trabalho de verdade, algum que não consistisse de inventar coisas e escrevê-las, e ler livros que eu quisesse ler. E então eu partiria silenciosamente e pegaria o tipo de trabalho no qual você não tem de inventar mais coisas.
Os problemas do sucesso. Eles são reais, e com sorte vocês irão experienciá-los. O ponto em que você para de dizer sim pra tudo, porque agora as garrafas que você lança ao oceano estão todas voltando, e você precisa aprender a dizer não.
Eu observei meus pares, e meus amigos, e aqueles que eram mais velhos que eu e observei quão infelizes alguns deles se sentiam: eu os ouvi contar pra mim que eles não podiam encarar um mundo no qual eles não podiam mais fazer o que sempre quiseram fazer, porque agora eles tinham de ganhar uma certa quantidade de grana todo mês apenas para se manter onde estavam. Eles não podiam ir e fazer as coisas que importavam, e que realmente queriam fazer; e isso me pareceu uma tragédia tão grande quanto qualquer problema de fracasso.
E depois disso, o maior problema do sucesso é que o mundo conspira para que você pare de fazer o que você faz, porque você é famoso. Houve um dia em que olhei e me dei conta de que eu tinha me tornado alguém que profissionalmente respondia a e-mails, e escrevia como um hobby. Eu comecei a responder menos e-mails, e fiquei aliviado por perceber que estava escrevendo muito mais.
Em quarto, eu espero que vocês cometam erros. Se vocês estão cometendo erros, significa que vocês estão por aí fazendo algo. E os erros em si podem ser úteis. Uma vez escrevi Caroline errado, em uma carta, trocando o A e o O, e eu pensei, “Coraline parece um nome real…”
E lembrem-se que não importa a área em que estejam, se você é um músico ou um fotógrafo, um artista fino ou um cartunista, um escritor, um dançarino, um designer, o que quer que você faça, vocês têm algo que é único. Vocês têm a habilidade de fazer arte.
E para mim, e para muitas das pessoas que conheci, isso tem sido um salva-vidas. O salva-vidas definitivo. Ele lhe leva através dos bons momentos e pelos outros.
A vida as vezes é dura. As coisas dão errado, na vida e no amor e nos negócios e nas amizades e na saúde e em todos os outros modos que a vida pode dar errado. E quando as coisas ficam difíceis, isso é o que vocês devem fazer.
Façam boa arte.
Eu estou falando sério. O marido fugiu com uma política(o)? Faça boa arte. Perna esmagada e depois devorada por uma jibóia mutante? Faça boa arte. IR te rastreando? Faça boa arte. Gato explodiu? Faça boa arte. Alguém na internet pensa que o que você faz é estúpido ou mau ou já foi feito antes? Faça boa arte. Provavelmente as coisas se resolverão de algum modo, e eventualmente o tempo levará a dor mais aguda, mas isso não importa. Faça apenas o que você faz de melhor. Faça boa arte.
Faça-a nos dias bons também.
E, em quinto: enquanto estiverem nisso, façam a sua arte. Façam as coisas que só vocês podem fazer.
O impulso, começando, é copiar. E isso não é uma coisa ruim. A maioria de nós só descobre nossas próprias vozes depois de termos soado como um monte de outras pessoas. Mas uma coisa que você tem que ninguém mais tem é você. Sua voz, sua mente, sua estória, sua visão. Então escreva e desenhe e construa e toque e dance e viva como só você pode viver.
No momento em que você sentir que, possibilidade, você está andando na rua nu, expondo muito de seu coração e de sua mente e do que existe em seu interior, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que você pode estar começando a acertar.
As coisas que fiz que mais funcionaram foram as coisas das quais menos estava certo, as estórias as quais eu tinha certeza de que ou funcionariam, ou, mais provavelmente, seriam o tipo de fracasso embaraçoso que as pessoas se juntam para falar a respeito até o fim dos tempos. Elas sempre tiveram isso em comum: olhando para em retrospectiva para elas, as pessoas explicam porque foram sucessos inevitáveis. Enquanto as estava fazendo, eu não tinha ideia.
E ainda não tenho. E onde estaria a graça de fazer alguma coisa que você soubesse que iria funcionar?
E às vezes as coisas que fiz realmente não funcionaram. Há estórias minhas que nunca foram reimpressas. Algumas delas nunca sequer saíram da casa. Mas eu aprendi com elas tanto quando aprendi com as coisas que funcionaram.
Sexto. Eu passarei algum conhecimento secreto de freelancer. Conhecimento secreto é sempre bom. E é útil para qualquer um que alguma vez já planejou criar arte para outras pessoas, em entrar em um mundo de freelance de qualquer tipo. Eu aprendi isso com os quadrinhos, mas se aplica a outros campos também. E é isto:
As pessoas são contratadas porque, de algum modo, elas são contratadas. Em meu caso eu fiz algo que atualmente seria fácil de checar, e me colocaria em problemas, e quando eu comecei, naqueles dias pré-internet, parecia uma estratégia de carreira sensata: quando editores me perguntavam para quem eu já tinha trabalhado, eu mentia. Eu listei uma série de revistas que soavam razoáveis, e soei confiante, e consegui os empregos. Então transformei em uma questão de honra conseguir escrever algo para cada uma das revistas que eu listei para conseguir aquele primeiro emprego, de modo que eu não menti de fato, só fui cronologicamente desafiado… Você começa a trabalhar por qualquer maneira que comece a trabalhar.
As pessoas se matêm trabalhando, em um mundo de freelances, e mais e mais do mundo de hoje é freelance, porque seu trabalho é bom, e porque são fáceis de conviver, e porque elas entregam o trabalho em tempo. E você nem precisa de todos os três. Dois em três está bem. As pessoas irão tolerar quão desagradável você é se seu trabalho for bom e você o entregar no prazo. Elas perdoarão o atraso do trabalho se ele for bom, e elas gostarem de você. E você não precisa ser tão bom quanto os outros se você é pontual e é sempre um prazer ouvi-lo(a).
Quando concordei em fazer este discurso, eu comecei tentando pensar em qual tinha sido o melhor conselho que já tinha recebido ao longo dos anos.
E ele veio do Stephen King, há vinte anos atrás, no auge do sucesso de Sandman. Eu estava escrevendo um quadrinho que as pessoas amavam e estavam levando a sério. King gostara de Sandman e de meu romance com Terry Pratchett, Belas Maldições (Good Omens), e ele viu a loucura, as longas filas de autógrafos, tudo aquilo, e seu conselho foi esse:
“Isso é realmente ótimo. Você deveria apreciar isso.”
E eu não aproveitei. O melhor conselho que já recebi que ignorei. Ao invés disso, eu me preocupei com aquilo. Eu me preocupei com o próximo prazo, a próxima ideia, a próxima estória. Não houve um momento nos próximos quatorze ou quinze anos em que não estivesse escrevendo algo em minha cabeça, ou imaginando a respeito. E eu não parei e olhei em redor e pensei, isso é realmente divertido. Eu queria ter aproveitado mais. Tem sido uma caminhada incrível. Mas houve partes da trilha que eu perdi, porque estava muito preocupado em as coisas darem errado, sobre o que viria depois, para apreciar a parte em que estava.
Essa foi a lição mais difícil pra mim, eu acho: relaxar e curtir a caminhada, porque a jornada o leva a alguns lugares memoráveis e inesperados.
E aqui, nesta plataforma, hoje, é um destes lugares. (E eu estou curtindo isso imensamente.)
Para todos os graduandos de hoje: eu desejo a vocês sorte. Sorte é útil. Frequentemente vocês descobrirão que quanto mais duro vocês trabalharem, e mais sabiamente, mais sortudos vocês serão. Mas existe sorte, e ela ajuda.
Nós estamos em um mundo em transição neste momento, se vocês estão em qualquer campo artístico, porque a natureza da distribuição está mudando, os modelos pelos quais os criadores entregavam seu trabalho ao mundo, e conseguiam manter um teto sobre suas cabeças e comprar alguns sanduíches enquanto faziam isso, estão todos mudando. Eu falei com pessoas do topo da cadeia alimentar em publicações, vendas de livros, em todas essas áreas, e ninguém sabe com o que a paisagem se parecerá daqui a dois anos, que dirá daqui a uma decada. Os canais de distribuição que as pessoas construíram ao longo do último século ou mais estão contínua mudança, para os impressos, para artistas visuais, para músicos, para pessoas criativas de todos os tipos.
O que é, por um lado, intimidante e, por outro, imensamente libertador. As regras, as suposições, os agora nós devemos fazer de como você consegue expor seu trabalho, e o que você faz a seguir, estão ruindo. Os porteiros estão deixando seus portões. Vocês podem ser tão criativos quanto precisarem para conseguir visibilidade para seus trabalhos. YouTube e a web (e o que quer que venha depois do YouTube e da web) podem dar a vocês mais pessoas de audiência do que a televisão jamais deu. As velhas regras estão desmoronando e ninguém sabe quais são as novas regras.
Então inventem suas próprias regras.
Alguém recentemente me perguntou como fazer alguma coisa que ela achava que seria difícil, em seu caso, gravar um audiobook, e eu sugeri que ela fingisse que ela era alguém que poderia fazê-lo. Não fingir fazê-lo, mas fingir que era alguém que podia fazer. Ela colocou uma nota para este efeito na parede do estúdio, e disse que isso ajudou.
Então sejam sábios, porque o mundo necessita de mais sabedoria, e se vocês não puderem ser sábios, finjam ser alguém que é sábio, e então apenas se comportem como eles se comportariam.
E agora vão, e cometam erros interessantes, cometam erros maravilhosos, façam erros gloriosos e fantásticos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais interessante por vocês estarem aqui. Façam boa arte."

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A tosse

Era só mais um dia normal numa mesa de bar. Muitas besteiras ditas, risadas exageradas, cervejas geladas e caipirinhas aguadas. Quando de repente eu bato o olho do outro lado da mesa e vejo um cara que eu não conhecia tossindo. Na primeira tosse que eu vi, não consegui entender o que aconteceu. Acompanhei atentamente a segunda, terceira, quarta, quinta tosse. Nunca tinha visto nada igual. Tive um ataque de riso e fui até o outro lado da mesa parabenizar o cara e entender aquele processo de tosse inédito.

Trajando um casaco de moleton ele levantava o braço esquerdo até a boca, com a mão direita ele alargava um pouco a manga e depois tossia dentro do casaco. Foi a maneira genial que ele encontrou para não passar gripe para quem estava ao seu redor.