segunda-feira, 29 de abril de 2013

1º tempo

fosse no começo da semana ou fim, era lei, não mexa e não toque na televisão, sequer pense em mudar de canal. cerveja do lado e cigarro aceso, no quintal ou na sala, no bar do tonhão ou esquina, o programa.se fosse do coração, esqueça, não fale comigo, não queira atenção ou olhar, se fosse esperta em algum gooooooool, sorriso no rosto uma aproximação, mão estendida e: "pai me dá um real?" "toma fia" com tapinha na cabeça. às vezes uma surpresa ao invés de um, cinco reais, na época era fortuna, sendo rápida para gastá-los antes que ele percebesse o erro. nunca, jamais quando tivesse perdendo, mantinha distância, indo para  rua e ficando até a raiva e palavrões cessarem. cresci, assistindo: tocou pro lado, passou pro outro, e uuuuuh saio pela lateral, vai cobrar a falta e fooooii prá foraaaaa, correu e passou pro fulainho e sicraninho e caiu, ah mais ele se jogou, temos a prova no replay e cobrou o penault e foi prá foooora.tá péssima esta narração e estou morrendo de rir, pois há anos não assisto nenhum. male male digo que sou bambi, sequer assisto.de vez em nunca passo o olhos na tevê e rolando comercial vejo e exceto em leituras não faz parte da minha vida. sobrevivo perfeitamente sem este ou aquele campeonato ou mundial. mas ultimamente em quase tudo lá está. se leio sobre remoções forçadas, sobre desocupações de museus, sobre superfaturamento de licitações, sobre o inferno na radial leste dentro ou fora do metrô, sobre a visita do "ilustre" governador e anúncio do projeto a ser enviado, afirmando a limpeza social, ops a redução da maioridade para negar a péssima gestão durante quase dois séculos, sobre o presidente da câmara que impede qualquer cidadão de transitar em audiência, reprimindo e prendendo manifestantes após protesto em rede social, atos e manifestações na rua em diversos estados em repúdio a ocupação do cargo e posicionamento dentro e fora da câmara ou quando ouço: "aqui não é um jogo, tenho discordâncias mas a  verdade tem que ser dita..." resumindo a novela, apoio justificando o erro, falta de bom senso e conhecimento com supostas ações malignas do inferno sobre a vida dele e futuramente a minha, se leio ou assisto, lá está, o futebol, o jogo. antes de mais nada, não sou contra. quando pequena até gostava, assistia mais, hoje acho bacana a ocupação de mulheres em estádios, roda de conversa e discussões sobre futebol se colocando, justificando por quê o jogo foi uma bosta, sequer entro no assunto o quão absurdo é o salário dos jogadores ou na máquina de dinheiro, a partir do ingresso, fiquei boquiaberta como esgota rápido e como é engrenagem de alienação quando usado para aplainar momentos políticos importantes. na verdade, hoje é um bem bolado pois a sopa está na pressão, a roupa está esperando para ser estendida, o boleto está na mesa para ser pago, a palestra  sobre encarceramento em massa com vera malaguti no prédio das ciências sociais-USP; sala 14 me espera, na tentação de cabular aula de supervisão sendo muito assunto para ser discutido no 1º tempo. confesso ter feito promessa para o futebol,  se feliciano renúncia o cargo por pressão da sociedade civil em todo âmbito pelas redes, pelas ruas, pelas janelas ou pelas portas mudaria de time, algo bobo não é mas vai que funciona e seria mais uma oportunidade para afrontar o fanático por futebol que dizia que meu time era de merda? oi, não é bambi? viro a casaca para o time dito com maior torcida, sendo fiel e popular até o fim. a única aproximação quando assisti um jogo no pacaembu. se até final de 2013 feliciano renunciar viro torcedora de carteirinha, de estádio e de fidelidade. se é para ser cínica que seja no volume máximo já que tudo é um jogo de interesses e oportunismos bora juntar e mandar de uma só vez. a última do colega me deixou emputecida "Vou dizer algo que é maluco, mas menos democracia às vezes é melhor para se organizar uma Copa do Mundo. Quando você tem um chefe de estado forte, que pode decidir, assim como Putin poderá ser em 2018, é mais fácil para nós organizadores do que um país como a Alemanha, onde você precisa negociar em diferentes níveis", declarou Valcke. não bastasse toda pressão e remoções, o todo citado, mais esta, quase dizendo em público que aqui deveria ser a casa da mãe maria, grispina e joaquina ou casa da ditadura militar. então é chegar fazer e acontecer e está tudo certo? funciona desta forma em qualquer outro lugar? digo o que quero e depois peço desculpas? ok, aprendo rápido. antemão, peço-lhe desculpa! a grosseria se deve a educação sucateada, o ensino fundamental e médio no governo psdbista empobrecido ao longo da vida  e o processo de mercantilização das universidades em intenso progresso para que o seu evento aconteça. na falta do quê investir em dois eventos, que sequer foram disputados mas foram jogados para cá sem direito a gol ou trave é no mínimo nos tachar de otários.  Valcke disse que o país deveria "levar um chute no traseiro" para acelerar a preparação do Mundial.o senhor enquanto secretário-geral pode dizer o que bem entende e eu como zé-nada mas brasileira sem concordância com seu evento de merda posso também dizer algo com todo respeito e democracia travestida de ditadura, senhor secretário-geral rode o dedo indicador no orifício fecal prá ver se faz cócegas ou sendo mais brasileira, vai tomar no cu, sem prazer algum, sem tesão e sem ky. resultado 1x1 nos 48 do primeiro tempo.

2 comentários:

  1. Adoro futebol, mas o dinheiro publico gasto na construção dos Estádios é um absurdo.

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  2. Seu texto deveria ser discutido...pensado, repensado...q pena q não temos pessoas assim para esclarecer...escurecer...lidar coma realidade...

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