sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

E 1 e 2 e 3 e 4!

De uns tempos pra cá, eu tenho especialmente me preocupado com a qualidade do que as pessoas publicam na internet. Não é mistério pra ninguém que falar, até papagaio fala e, com as facilidades que a computadores ligados à internet (e espertofones e televisores etc. etc. etc.) oferecem, não custa nada transformar um pensamento num novo post. Danem-se os diplomas de jornalismo, todos somos editores, críticos, repórteres, analistas nacionais e internacionais. 

Recentemente, vimos a nova mídia preocupadíssima com a apuração do carnaval de São Paulo. De São Paulo, repito. O carnaval. Enfim...prossigamos. O que seria feito dos infratores que destruíram os votos, como ficaria a decisão dos juízes, que punições a escola tal receberia. Apenas assuntos relevantes e fundamentais. Vamos lembrar de algo que não aconteceu tão recentemente assim. A tal da enfermeira que foi filmada agredindo um cachorrinho até matá-lo. "Caça às bruxas" é um termo brando demais pro que aconteceu em seguida. Em vários lugares eu vi fotos da mulher com o endereço, número de telefone, documentos, todos seus dados. Acompanhados das típicas mensagens de "se eu pego, mato" e por aí vai.

Meu problema com isso são dois. Primeiro: as pessoas elegem quase quinzenalmente um assunto contra o qual se rebelarão. E se rebelam com todas as forças. A enfermeira não deve mais poder colocar a cara na rua, sob risco de morte. Ela deve, sim, ser punida pelo que fez. Mas punida pelas autoridades responsáveis por isso. Não por mim nem por você. Muito embora, na maioria das vezes, dê mesmo vontade. 

O segundo problema é que ficou muito fácil castigar alguém. Posso estar levantando uma bola em que ninguém pensou ainda, mas qual a dificuldade em levantar informações de algum desafeto meu, colocá-las na internet, acusá-lo de qualquer coisa e ver o circo pegar fogo? Vingança garantida com a segurança do anonimato. 

Quem se lembra da babá que foi atingida por Lindomar, o SubZero brasileiro? É a mesma história, com em proporções menores. Nesse caso, era só a cidadezinha que estava contra uma pessoa. Atualmente, tudo acontece em escala nacional. É o sujeito que quebra a perna da garota. O salário superfaturado dos deputados. O aumento do preço das passagens. E um monte de gente protestando atrás do computador. Uma série de mobilizações imóveis. Mover um dedo, quem diria?, é muito fácil. A gente clica em "compartilhar" e todos verão como somos cidadãos responsáveis. Mas fica tudo no campo da visão, das imagens. Mais do que isso não cabe na era do virtual. 

Eu critico, mas sou um dos primeiros a colocar absurdos na internet. Quem me conhece sabe do meu gosto (discutível) pra músicas e filmes. Não sou um primor da literatura também. Escrevo meus absurdos e muitas vezes publico-os, pra não perder o momento. A inspiração. Mas faço isso consciente de que não estou prejudicando ninguém. Umas pessoas perdem uns pontos de inteligência, mas é só. 

Aquela antiga frase, "o poder é de vocês", é bem verdadeira. Então pensem nisso. Sério. Pensem. Pensemos.

6 comentários:

  1. É, isso tudo tem sido tema de muitos textos por aí. ironicamente, textos de opinião publicados na Internet que criticam a Internet por ter opinião DEMAIS. Acho que tudo precisa ser limitado pelo bom-senso, e acho que há um pouco de hipocrisia sim em ser "cidadão responsável" na internet e não fazer nada forea dela (não votar direito, não preservar o ambiente, etc etc, coisas simples mesmo).

    E há também muita gente falando do que não tem informação prévia pra falar. Mal do século XXI. Ainda bem que a internet nos trouxe muitos bens pra compensá-lo.

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  2. Não brinco mais de comparecer a eventos, não confirmo nem recuso convite algum, desde que descobri que muitas pessoas são onipresentes virtualmente, daí se confirma a presença em um evento como forma de apoiá-lo simbolicamente blá blá blá zzzzzz...

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  3. E é exatamente dessa forma que me sinto quando vejo toda a comoção causada por simples partidas de futebol aqui no Facebook. Essa ferramenta de comunicação, assim como todas as outras, teriam muito mais eficácia no cotidiano se as pessoas soubessem produzir informação relevante na mesma proporção que produzem entretenimento. Não vou explicitar aqui qual a minha noção de entretenimento também, porque aí sim seria ser pedante. É engraçado como o modismo virou tradição. Metade (ou mais) das pessoas que se inflamam nesses casos que rodam pela internet são a mesma metade (ou mais) que vive na exata acomodação que permite que esse mesmo tipo de coisa aconteça, e aconteça.

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  4. Tirou as palavras da minha boca, Adriano! Justiça sim. Com as próprias mãos, nunca.

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