terça-feira, 6 de setembro de 2011

No que acredito.

Eu vou lhe dizer no que eu acredito. E talvez para isso deva começar por lhe dizer no que eu não acredito. Eu não acredito em nada que não me mova nem me comova. Eu não acredito em nada do que me dizem até o momento em que eu posso encarar o silêncio, repetir aquelas palavras na minha mente, e fazê-las soar como se fossem minhas, e honestas. Por outro lado, paradoxalmente, eu acredito e muito no poder do simples ato de escutar, e não só com os ouvidos abertos. Com a mente também. Eu não acredito em etereótipos, e acredito que deveríamos nos treinar desde cedo para ignorá-los. É do estereótipo que nasce o julgamento. E não há nada mais baixo para um ser humano fazer do que julgar outro.

Eu acredito na força das palavras como meio de expressão, mas jamais de imposição. Opinião não se forma: se expressa. Quem forma opinião é a mente de cada um, com todo o seu milhão de particularidades e limites. Eu acredito que a visão privilegiada é a daquele que não deixa de defender sua própria posição, mas é capaz de entender a do outro, se confrontar e aprender com ela. Eu acredito que nós nunca deixamos de aprender. E acredito que nunca aprendemos de verdade. Eu acredito que existe algo que não entendemos, algo além de nós, algo que não é “desse mundo”, ou qualquer expressão que você possa querer usar. Mas eu não acredito que saibamos o bastante desse algo para doutriná-lo em qualquer tipo de religião. Eu acredito que não é preciso ser religioso para ter espiritualidade.

Eu acredito que devamos aceitar quem somos do jeito que nascemos. Eu acredito em casar-se com a própria escuridão, carregá-la com algum orgulho e a cabeça erguida. Eu acredito que devamos fazer as pazes com o Judas dentro de cada um de nós. Eu acredito que os sonhadores, os loucos, os idealistas, são aqueles que mudam o mundo. Mas eu também acredito, e sei, que o caminho para tanto vem a custo de muito realismo. Eu acredito na eterna não-definição de nós mesmos. Acredito no amor imperfeito que é um infinito dentro de outro, e mais outro, e mais outro… e que, como tudo o mais, não podemos jamais entender. Eu acredito que estamos todos aqui para tentar, não para conseguir.

E eu acredito tanto na beleza do incompleto que vou passar a minha vida inteira buscando algo que nunca vou alcançar: a essência. Eu acredito nela. E acredito de tal maneira que, mesmo sabendo que jamais serei capaz de vê-la, continuo acreditando. Me digam: existe fé maior?

Só pra não perder o costume, uma dica musical pra vocês. Primeiro single do Alex Boyd, que lança disco ainda esse ano.
Bom Setembro pra todo mundo! ;D

4 comentários:

  1. Caio Coletti é o rapaz mais 2011 que "conheço".

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  2. Gostei muito. Eu acredito em vc. Deu vontade de te conhecer.

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  3. HAHA Acho que foi o elogio que eu recebi com mais orgulho, Hindira. Sou do meu tempo mesmo, e gosto muito de ser. :D

    Marton, obrigado! =D Você tem Twitter?

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