quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Quem foi? Quem foi?


Trabalhando em agência, uma das minhas maiores vontades é a de lançar um anúncio “O gerente da loja tal ficou louco”. OU então um “O aniversário é da loja X, mas o presente é seu”. Não, mentira. Não tenho essas pretensões, não. A merda de trabalhar em um meio que tem essa aura de criatividade é querer sempre impactar. Querer sempre sair com a grande sacada, a tiradinha safada de ouro, que vai fazer com que as pessoas levantem a cabeça quando lerem (ou ouvirem) e pensarem “mas que redator genial, esse”. Não, mentira. Porque ninguém sabe quem ou o que é o redator. Todos se espantam quando digo que trabalho com redação. É quase como se pudesse ler nas expressões das pessoas “mas em redação de jornal? de revista?”. Isso quando não levantam a sobrancelha esquerda, em tom claro de “ah, esse é mais um daqueles publicitários que ganham prêmios por fazerem coisas engraçadas”.
Engraçado era eu me importar com isso. No fundo, todos querem reconhecimento. Muitas vezes, querem o reconhecimento mesmo de quem não tem nada a ver com a história. Querem, realmente, ser reconhecidos, valorizados, admirados. E isso é muito perceptível no ramo da comunicação. Todos querem ter uma voz, de forma bem literal mesmo. Dá pra notar isso pelo tanto de pessoas que criaram, em seus devidos tempos, blogs, perfis no twitter e depois no facebook, tumblr e mesmo o maldito foursquare, que não faz nada além de entupir minha tela com mensagens do tipo “estou na casa da mãe Joana’, “estou num puteiro em João Pessoa”. Não estou nem aí.
Há algum tempo foi a polêmica com médicos usando jaleco na rua. Eles estavam também comunicando as pessoas que eram médicos, fizesse chuva ou fizesse sol. Dentro e fora dos consultórios. Quem não quiser ser reconhecido que atire a primeira pedra. Mas que atire por detrás de uma árvore, pra ninguém saber quem foi.
E, pra terminar, eu acho que não deveria assinar este texto.

6 comentários:

  1. Puxa vida, mas parece haver um desejo de deixar marcas, de ser o criador de qualquer coisa e esse desejo parece estar recheado com a sensação de ser produtivo, de estar existindo e não estar à margem e, sobretudo, de ser alguém singular... Mas, eu pensava o tempo todo que você era psicólogo.

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  2. Eu sou publicitária, trabalho em agência, tenho blog, perfil no FB (que nem gosto muito), no Twitter (que gosto muito) e adoro fazer coisas relativas ao meu trabalho que me coloquem em evidência.

    Não sei se devo postar este comentário...

    Rs

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  3. Ha ha ha..
    Mas não é pra isso que estudamos desde pequenos? Para sermos alguém na vida, bem sucedidos... que o nosso nome não seja mais um, mas que seja O nome?

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  4. Muito bom.

    O homem passa metada da sua vida tentando construir quem quer ser. A outra metade ele passa tentando mudar quem ele é.

    Abç
    Luiza
    www.barracodevidro.blogspot.com

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  5. As vezes o orgulho da conquista da profissão vira o tormento da vida social...
    -eu,psicóloga
    -o outro, nem vou falar nada pq vc vai me analisar...

    Isso é muito chato, o tipo de reconhecimento que muitos psi´s não desejam!

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  6. Tive que descer a barra de rolagem para ver quem assinava o post deste dia, rs.
    Depois que percebi que por cima da postagem já tinha o seu nome...me senti meio "ah tá, era piadinha de publicitário.." rs...brincadeirinha.

    Sabe que sempre tive vontade de trabalhar nessa área, mas fugi para o Turismo, achando que ia ser bem mais privilegiada...erro meu, por isso, ainda estou com planos de entrar nessa sua área...é, quem sabe.

    Beijos

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