segunda-feira, 1 de agosto de 2011

love is a looping game ( by lucas guedes)


só quem chorou por alguém no chão de uma cozinha ou quem morreu cem vezes por amor pode entender a amy. ainda não passei por nenhuma das situações, por isso não entendo, mas é só isso que pensei quando soube de sua morte há poucos dias.

difícil lembrar a primeira vez que ouvi amy. acostumado a garimpar bandas novas na internet e a ler revistas internacionais, me deparei com uma tal nova musa do soul, uma nova billie holliday, uma nova diva. e nem precisei escutar duas vezes pra ter certeza disso. uma cantora diferente das que estavam alcançando as paradas de sucesso, uma artista sem pré-fabricação, sem molde. a voz um tanto debochada e composições de letras fortes me chamaram a atenção. as confusões em que se metia também. cheguei a publicar algo no meu blog em 2007, mas sem me aprofundar. era uma paixão que surgia e crescia, contagiando também aqueles que me rodeavam. não foi à toa que no sábado, dia de sua morte, recebi ligações, mensagens no celular e pela internet de amigos e familiares me contando sobre o ocorrido. senti muito, a ponto de me desligar por umas horas do mundo. foram horas de silêncio, no chão do meu quarto, pensando em sua contribuição para música, mas também em sua vida.

pensei nas letras, na sinceridade, na coragem que essa mulher tinha ao escrever, por exemplo, que chorava por um cara no chão da cozinha ou então que foi pra rehab e o homem disse que ela estava apenas depressiva ou pior, admite que seu amado voltou pra outra mulher enquanto ele morria centenas de vezes! como não se emocionar ou não se identificar, ainda mais acompanhando sua história e sabendo que ela não fazia tipo. não compunha músicas pensando apenas na vendagem dos discos, mas em expressar suas dores, ideias, palavras.

aí lembro da minha ida à londres e da minha decepção ao saber que ela estava internada. percorri vários lugares que ela visitava, seu tatuador, as lojas e pubs de camdem e me sinto feliz por saber que estava compartilhando ao menos os espaços que ela frequentava e, assim, me senti bem. e lembro então do show, naquele momento marcante que só eu e ela sabemos porque chorei tanto do início ao fim de uma música. e penso que é isso mesmo, amy não morreu cedo, não foi prodígio, nada disso. ela viveu muito. viveu tanto, tão intensamente... que morreu.

apesar de nunca ter chorado por ninguém no chão de uma cozinha, me vi sentado no quarto, encostado na parede, com um copo de vinho de uma festa do dia anterior, esperando minhas lágrimas secarem sozinhas por causa da morte da maior cantora da minha geração, amy winehouse.

6 comentários:

  1. a primeira pessoa que eu pensei quando soube da noticia foi vc.

    e eu nao chorei no chao da cozinha, mas chorei no chao do banheiro.

    ResponderExcluir
  2. Chorei tantas vezes e choro, cada vez que escuto suas músicas, na primeira frase que li dessa postagem e "por causa da morte da maior cantora da minha geração,". a coisa é forte msm!

    ResponderExcluir
  3. Quem realmente tem amor a arte e a música consegue ver Amy para além dos escandalos sempre publicizados por uma mídia porca!!! A Amy era mt mais do q essa tal mídia passava!!! Amy era música e era poesia...realmente a melhor cantora da nossa geração..

    ResponderExcluir
  4. É muito bonita essa idéia de morrer de amor. Não estou dizendo que foi o que aconteceu com ela, mas a figura dela e suas músicas remetem a esse romantismo que rasga, que eu gosto muito.

    ResponderExcluir
  5. Minha preferida dela sempre foi "Tears Dry on Their Own". Alguma coisa naquele música me dava força e uma tristeza inerente ao mesmo tempo. E a voz que ela tinha, era tão incrível... A Amy foi uma artista, uma personalidade, uma figura, que significou muito pra música do século XXI. Significou renovação, definição e inovação. Trouxe de volta o soul, fez deixar de ser "heresia" compor soul moderno, blues moderno, jazz moderno. E hoje a gente tem essas cantoras incríveis que são Adele, Duffy, Paloma Faith...

    Como compunha, como cantava e como foi importante a figura da Amy pra minha geração. E quanta falta ela vai fazer. Quando fiquei sabendo, também precisei de uns momentos de silêncio, foi um choque tão grande... É tão fácil se apegar ao significado que esse tipo de figura tem na nossa vida. E, depois, ouvir e ouvir de novo o Frank e o Back to Black, toda uma nova dimensão nesses discos. Ficam pra história.

    E a Amy fica na nossa memória musical e afetiva, que é onde ela deixou a marca dela. Sua homenagem disse mais e melhor que eu.

    ResponderExcluir