domingo, 31 de julho de 2011

Leitura Desarmônica de Poucas Horas de Férias


Texto que deveria ser postado no dia 11 desse mês
Mas ele e minhas férias não existiam ainda



abraços
Dexter
irmão e drogas
queijo
mamão
saudade
porta do banheiro quebrada Micróbio do Samba
Helena Bonham Carter
cardigan Thiago Renata
Mari
mullets
chicória saudade
abstinência {nem ligo}
alavanca Esses Moços Matrix
Cucurrucucu Paloma
promessa

sábado, 30 de julho de 2011


Quero
Tuas palavras no meu papel
Teus sussurros no meu sonhar
Tuas mãos nos meus cabelos
Teus beijos atrás dos joelhos
Teus braços me aprisionando
Teu cheiro me consumindo
Teu corpo me alimentando
Tua alma me penetrando...

Lai Paiva

sexta-feira, 29 de julho de 2011

"A memória da gente é safada: elimina o amargo, a peneira só deixa passar o doce."

Alguém comentou e eu concordei. A combinação de: vinho-quente, depressão, frescura no rabo, insônia maldita e tpm das bravas é péssima. Fiquei me perguntando que porra é essa? Retiro, porque relendo, nem eu entendi. Peço desculpas. Em agosto tento de novo ok. Mas sem vinho, sem depressão, sem calça jeans, sem tpm e blá blá blá e de preferência sóbria. Aceito o conselho: se beber não escreva.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Atenção senhores passageiros, dêem boas-vindas à insegurança

O que vou falar hoje é tão pessoal, mas tão!, que não sei se cabe pra todo mundo. Mentira, cabe sim e eu tenho certeza. Se você acha que não cabe, leia de novo, do começo ao fim. E procure uma brecha pra encaixar isso na vida. Fará toda diferença.

Há alguns meses vivi um drama. Uma decepção, na verdade. Não é fácil esperar demais das pessoas e não receber nem uma flor em troca. Enfim, isso tinha que acabar e é bem verdade que acabou, antes mesmo do próprio fim, eu diria.

Essa não é uma história de superação. Nem um post de auto-ajuda. Mas é pra mostrar como é possível que uma atitude ou outra te eleve do degrau-escória pro degrau-oi-sou-linda-deixa-eu-ser-feliz-e-não-canse-minha-beleza.

Bom, depois dessa crise – que por sinal foi uma das maiores da minha vida – eu percebi uma coisa em mim: tenho preguiça de sofrer. Ou melhor, MORRO de preguiça de sofrer. Meu sofrimento durou, sério, 2 semanas, exatamente. Quando me dei conta de que aquele chororô todo não ia me tirar do lugar tampouco mudar o que já tinha acontecido. Sai fora. E eu saí.

E tive uma experiência redentora. O maior problema de você encarar uma crise é não saber contorná-la. Crise todo mundo tem, momento ruim, igualmente. É bem aquela história de ficar sem reclamar. Se você não contorna a situação desagradável, ela vira um carma! Uma nuvem escura e sombria! Uma fumaça! Um caos! Um infeeeerno! (ufa.)

Às vezes, uma fase que parece ser a pior das piores, se você transformá-la, pode ser bastante digna. A crise é uma ocasião do crescimento. A crise é inesperada. Ninguém espera que um dia vá sofrer. Ninguém passa a vida pensando que tudo de maravilhoso que se teve um dia pode desmoronar e, bingo, tensões e mais tensões e mais confusões e choros e dramas e o mundo caiu, cataploft.

A gente passa a vida toda desejando estabilidade e segurança. Claro que isso é bom, e até necessário eu diria. Mas a estabilidade nos leva à acomodação. Deixamos tudo no piloto automático quando está estável, e às vezes é necessária uma turbulência para nos tirar o chão e nos devolver o ar próprio.

O avião. Todos viajando calmamente, como se não estivessem a trocentos metros do chão, planando naquele céuzão imenso e desafiando loucamente a lei da gravidade. E uma segurança que todos possuem: nada parece que vai acontecer.

De repente, uma turbulência. E os passageiros se dão conta de que, sim!, essa não é uma situação tão plena assim, nem tampouco segura. Um cachoalhão, ou uma crise, que te tira a estabilidade e te faz pensar em milhões de coisas para que não se agrave mais. A turbulência passa, e você fica mais esperto.

E é dessa maneira que se cresce. Às vezes é preciso desejar a insegurança de um momento, para que a turbulência, o cachoalhão, o pontapé, agitem seu mundo e te traga uma nova maneira de enxergar a vida. Não se acomode, gere suas instabilidades. Elas não são confortáveis, mas são necessárias.

E se durante o vôo você se encontrar em queda livre, não se desespere! Leve seu assento, ele é flutuável. Eu nunca ouvi falar de ninguém que morreu de crise.




























Pronta pra mais uma viagem.



~ Agradecimento especial para Pamella Martelli, meu porto seguro (e inseguro!)

Foto por: JGI/Jamie Grill

twitter: @tabataaa
fiz um tumblr! vê lá a bobagem: Pop She Bop

terça-feira, 26 de julho de 2011

dos deslocamentos

no mês passado, o dia 26 passou em branco. fiquei desolada quando me dei conta. havia encerrado um momento importante do meu trabalho na universidade que eu resolvi considerar como o fim de um ciclo. estava exausta. talvez daí o "branco".
 
desde então, percorri longas distâncias. e ainda agora estou bem longe de casa. há um modo mais simples de dizê-lo: saí de férias. mas se o digo de modo tão grave é porque estas distâncias são também interiores. dizem respeito também às decisões. deslocamento é uma palavra bonita, não? e também misteriosa. nem sempre percebemos, mas tem a ver com desapropriação, com não-lugar. é um desarranjo nos dias e, por consequência, uma perturbação no corpo. 
 
e só traz consequências interiores se, junto com o deslocamento, acatarmos essa desapropriação, essa perturbação com desejo. em palavras mais simples, não adianta viajar se for para continuar vivendo como se estivesse no aconchego da casa, querendo as mesmas comodidades. é preciso deixar-se perturbar. abrir espaço para o inesperado, para a surpresa, mesmo que nem sempre seja boa. talvez esta seja a busca mais necessária::: em cada lugar, acatar o que há de vir com voracidade.
 
a imagem,  então, ainda é a mesma do dia 26 de maio: a do desejo. porque tenho cá para mim que sem desejo só resta a imobilidade; o oposto do deslocamento. sem desejo não há como querer fazer do até então desconhecido algo conhecido.
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domingo, 24 de julho de 2011

Mudanças Expressas

Há muitos anos eu li que a vida tem o péssimo hábito de nos surpreender. E é um hábito do qual ela não parece ser capaz de se desfazer, devo dizer. Digo isso porque essa frase não é recente na minha vida e ela sempre fez sentido.

Um dos nossos problemas é o de querer ter controle. Modificar as coisas para que se encaixem no que desejamos. Não funciona assim e eu percebi isso pelo comentário de uma mulher que não tinha tido nenhum contato com psicologia até que resolveu fazer terapia, tempos atrás. Na época eu já estava na faculdade há dois anos, mas nunca havia parado muito pra pensar no que se realiza numa sessão de atendimento. "Estou fazendo terapia porque não dá pra mudar os outros". Isso foi de uma simplicidade tão complexa que parei pra pensar. As surpresas vêm de onde menos esperamos, mas elas vêm. Eis aí outra certeza.

Quem me conhece sabe que uma idiossincrasia minha é a do meu relógio que funciona pela metade. O mostrador digital nunca me deixou na mão, mas os ponteiros costumam ficar parados e andam só quando estou, sei lá, perto de uma área com intensa atividade eletromagnética. Ou onde será a próxima janela da ilha de Lost. Enfim. Na sexta-feira eu fui a uma relojoaria perto do trabalho e resolvi trocar a bateria dele. Achei que aquele seria um dia de grandes acontecimentos e quis coroar fazendo meu relógio funcionar como um relógio. E qual não foi minha surpresa quando percebi, na mesma noite, que os ponteiros estavam parados de novo?

É. Só podemos aceitar a mudança mesmo. E/ou mudar nosso pensamento sobre ela.

sábado, 23 de julho de 2011

So hard


Tão fácil colocar a culpa em alguma coisa.
É o trabalho que odeio,
Não arrumo outro emprego porque estou gorda,
Não emagreço porque não tenho tempo para malhar,
Não tenho tempo porque só trabalho,
Vivo atrás de trabalho porque nunca tenho dinheiro,
Nunca tenho dinheiro então não me arrumo
Não me arrumo porque me odeio...

Aí você muda de trabalho, emagrece, ganha mais dinheiro, se arruma...

E descobre que não era nada disso que fazia sua vida uma merda.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Título em branco

Como não tenho parado muito pra escrever, nem pra pensar muito, e também tô quase sempre com sono, o que bloqueia todos os meus pensamentos, vou prestar-lhes um grande favor: farei vocês voltarem à infância! Fechem os olhos. Imaginem-se no meio do comercial da Faber Castel com a música do Toquinho. Imaginem que estão com uma folha qualquer de papel em branco nas mãos e que têm o poder de fazer qualquer coisa que quiserem. Só que em vez de desenhar castelos, luvas e guarda-chuvas, vocês vão formar palavras, e com elas, textos. E em vez do papel vocês tem uma linda tela com um espaço branco e um teclado.
Vocês têm o poder de transformar essa tela em uma janela para o seu mundo, onde qualquer pessoa pode entrar e ver tudo que você quiser mostrar. Não é fascinante?? Então, criem! Deixem a imaginação fluir! Imaginem no lugar deste post a história que vocês quiserem, uma poesia, uma crônica. Deixem-se ousar, sem o pudor de quem conversa cara a cara.
Ah, ok. Vocês já fazem isso. Então esqueçam e me deixem dormir.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

novo mundo

Mudou a cara, as roupas e as falas.
Varreu a casa, limpou os armários, trocou a cama e as cortinas.
Trocou de emprego, de amigos e caminhos.
Mudou a alimentação, o gosto musical, o nome e os hábitos.

Não dorme mais à noite.
Não bebe, não fuma e não fala mais palavrão.
Não tem mais amores nem história.
E nem mais nada que te lembre nesse mundo aqui por perto.

domingo, 17 de julho de 2011

A meninona da novela

Acontece dia sim dia não. A pessoa olha pra mim, fica quieta alguns segundos, vira a cabeça um pouco de lado e solta:

- Nossa, você é a cara da menininha da novela!


Todo mundo me falava e eu não acreditava, que bobagem. Quando a menininha fazia crueldades na novela das 8 (às quais eu nem assistia), vinha alguém contando o que ela tinha feito. Hoje ela fala com sotaque caipira e as comparações continuam (até porque meu linguajar sulista destoa um pouco na selva de pedra).

Minha irmã fez a montagem e eu dei o braço a torcer. Só fico chateada com uma coisa. Se eu tivesse ficado famosa antes dela, a comparação seria contrária (e mais certa!). Quem é a minha cara é ela!

E aí, Klara Castanho, é ou não é verdade?



*Para Paula Fernandes, que também se diverte com a comparação com a sua homônima.

Early Adopter

Tenho a sensação de sempre estar atrasado, somente nesse final de semana iniciei o acompanhamento ao Lost. Somente após aos 30 penso ir à Dineylândia, comprar muamba em Miami, somente depois de meses que os meus amigos começaram a inventar de tomar cervejas gourmets de frescos, comprei a minha primeira alemã, no final do ano passado começar a usar Wii, a loucura dos sedãs japoneses invandiu a minha mente, os grupos de compras fazem parte dos meus spams, Harry Potter somente zerei no mês passado e assistirei o novo, com uma semana de atraso e pela primeira vez irei no IMAX 3D, smartphone com Android somente agora...Definitivamente não sou um early adopter.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Entre o prego e as chuteiras

Há mais de dez anos eu soube que alguém se referiu a mim como “aquela que tinha tudo para dar certo, mas bateu na trave”. Senti-me ofendida, pois além de não curtir muito futebol, eu não concordava com aquela opinião.”Bati na trave, só que a partida ainda não acabou”, respondi, enquanto fingi descaso.

Após os tantos tropeços que sucederam aquela profecia maldita, a metáfora da trave se tornou meu mantra da lamentação. Quantos gols perdidos... e nem foi por corpo mole. Bom, não sempre. Antes eu nem chutava, por medo do erro e das vaias. Hoje chuto desesperadamente. A minha mira, entretanto, não é das melhores.

Eu ainda não abandonei a camisa, mas minhas articulações já estão bem gastas e eu posso ouvir os berros histéricos do meu técnico interior me ameaçando. É hora de acertar, para variar. Espero desta vez ouvir um grito de gol ao invés do habitual “uhhhh!” lamentoso da torcida.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Onde mora a felicidade

Conta ela uma história de uma terra que aos nossos ouvidos parece muito distante. Uma terra quase de fantasia. E narra tudo com um saudosismo estampado no rosto que em momento algum é escondido pelas marcas que o tempo deixou.

Terra essa que pode ficar em algum lugar entre Minas e Amazonas, entre Pasárgada e Macondo. Terra em que os campos iam até onde a vista se perdia e o povoada era cercado de uma floresta grande e carregada de mistérios e bichos que careciam de nomes e eram batizados de forma arbitrária entre ela e seus irmãos.

Insiste ela em dizer que comia melado todo dia e todo o tipo de comida preparada em gordura de porco com farinha e que ainda sim tinha saúde de ferro e que não existia nessa época as doenças que existem hoje.

Diversão era desbravar o mato, nadar nos açudes – era uma exímia nadadora – e dia feliz era quando fazia frio e sua mãe dava a ela e a suas irmãs canequinhas de leite com melado de cana. Nesses dias, mal dormiam ansiosos para verem o efeito do frio sobre as canequinhas de ferro deixadas no sereno ao lado do poço para que pudesse virar um picolé. Isso sim era ser feliz.

Conta ainda história de onças que tinham suas patas decepadas por invadirem as casas feitas de palha, no meio da noite, para comerem as crianças recém nascidas e de cobras que no silêncio da madrugada, rastejavam sem nenhum sibilar e mamava na teta das mulheres que ainda amamentavam seus filhos.

Havia ainda, narrativa de longos passeios em cavalos até o entardecer nos campos ao redor do sítio que causava a ira de seu pai. Aventuras dentro da mata com animais que grudavam nas roupas e jamais soltavam; histórias de lobisomens que amedrontava todas as crianças da vizinhança.

Triste apenas, conta com lágrimas nos olhos, sobre seu irmão preferido que, em sonho, veio se despedir dela com um beijo gélido e molhado e dizer que agora estava tudo bem e que não a queria triste, antes mesmo de receber a notícia na manhã seguinte, de sua morte por afogamento no mar.

Nessa terra, povoada de magias e perigos, faz nosso pensamento ir longe para tentar achar onde ela se situa. Todo encantamento que lá existia é fácil perceber no brilho dos olhos de uma criança mesmo que tenham se passado mais de 50 anos.

Mesmo com os questionamentos de dúvida e as nossas caras de descrença ela continua a contar essas e muitas outras, sempre jurando e atestando a veracidade de cada uma delas. Todas, ela conta e lembra com enorme saudade, ainda mais quando na presença de sua irmã que voltou a ser criança, mesmo num corpo de velha.

Essa terra na qual mora a felicidade, eu ainda não encontrei, mas feliz sou eu de escutar essas e outras tantas histórias, podendo olhar nos olhos dela e viajar nesse mundo que se perdeu no tempo e no espaço.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Passado e presente que envergonham

Quando escrevo olho para dentro.Mas as vezes o que vem de fora agita o mar interno.Sempre repito um mantra- Não se surpreenda mais com o horror do mundo! Tento repetir isso todos os dias .Mas o mundo sempre me surpreende.Alguém  disse - Não perca nunca essa capacidade de se surpreender. Na verdade não me surpreendo tanto, apenas me horroriza o que acontece.
Palavras tem peso. Um budista disse  ` São como pregos, depois de martelados você pode tirar ,mas a marca fica ´ . Se falar tem peso, imagine escrever! Peso dobrado.
Li uma entrevista de um comediante, fazendo uma piada sobre estupro. Chamam isso de liberdade, de quebrar todos os muros da hipocrisia e coragem de não ser politicamente correto.
Desde quando a dor alheia seria hipócrita ? Desde quando fazer piada com isso seria um sinal de liberdade de expressão ?
Existem dores na alma humana que por respeito não se mencionam.As pessoas não tem tanta coisa em comum, a única coisa que nos une é que todos temos uma alma e ela tem seus lugares reservados e que exigem respeito.
Foi além de uma piada infeliz porque o Brasil é um dos países com o maior número de violência sexual contra mulheres e crianças.Qualquer coisa que possa parecer um incentivo a isso deve ser punido.
Esse comediante pertence a elite rica e branca .Parece que ainda estamos nesse Brasil dos coronéis. Como aquela história de meninos ricos entediados colocando fogo em índios e espancando mendigos.A ignorância, a prepotência da classe economicamente superior. Qual a diferença hoje ? Eles se vestem de comediantes,mas no fundo ainda carregam o mesmo pensamento, fazem piadas com o que realmente acreditam. Fazem as leis e ainda são a pior parte da história deste país, os filhos dos coronéis,que escolhiam as escravas para serem estupradas e espancadas.Essa mentalidade de  `coronéis podem tudo ´ ainda nos persegue .Atrasa o país, atrasa a todos .Quando aceitamos uma piada assim aceitamos continuar presos a ignorância, aceitamos repetir um passado que deveria nos envergonhar.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

paranapiacaba

Erros de Interpretação Sonora


Vou contar quatro passagens da minha vida, e quem tiver uma parecida, eu

apreciaria muito escutar!


Primeira:


Quando eu era bem pequena, na década de 80, a Xuxa estava em alta. Eu era

reversiva naquela época, e assim como minha cor favorita não era rosa, na hora de

brincar de casinha eu brincava de vampiros (até começar a novela vamp, e virar

modinha) eu ouvia Mara Maravilha e não Xuxa.
Como não tinha dinheiro para os LP´s meu pai emprestou de alguém do serviço, e

gravou para mim 3 fitas da Mara, que eu ouvi exaustivamente, e ainda cantarolo

hoje. Também, claro não tive o encarte com as letras, e aprendi ouvindo.
Naquela época eu gostava muito de comer espiga de milho cozido, e depois de comer

todos os grãos, sugava a água salgada e quentinha que ficava no sabugo.A Mara

cantava uma música em que parte dizia " para agente começar tudo denovo" e por anos

eu cantei "para gente comer sabugo denovo"
Fazia muito mais sentido para mim assim.



Segunda:


Na mesma época, no interior algumas crianças amigas minhas cantavam o sucesso dos

engenheiros do hawaí : "Era um garoto que como eu, amava os bichos e os Rolling

Stones" Ecológico pacas! Eu reparei por que sabia quem eram os Beatles, mas para

eles era assim, e os rolling stones eles cantavam sem nem sequer saber quem eram.

Terceira:


Alguns anos depois, na minha adolescência, achei um cd do cidade negra, banda que

ainda gosto, o cd achei sem encarte nem capinha, mas nos anos 90 cd era caro, e

fiquei com ele para mim. Tem uma música chamada "Downtdown" que tem um trecho que

diz: "Que na Jamaica em Montego Bay, numa favela ele viu nascer um rei" Claro que

mais uma vez sem o encarte, eu nunca ia cantar montego bay, e eu escutava e

cantava: "Que na Jamaica tem um monte de preto, numa favela ele viu nascer um rei".

Não faz muito tempo que parei pra pensar que a música podia ser um pouco racista, e

fui ver que eu estava cantando abobrinhas.

Quarta:

Já na minha fase adulta, no começo dela, faz uns dez anos, viajei com uma amiga

minha para praia, e sabe aquela famosa música :"Amar é um deserto E seus temores"?

ela cantava: "Amarelo deserto e seus temores".Pois bem! O deserto é amarelo.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

QUERO ME COMER

   Alcatraz, Fuga Impossível é um filme, do finalzinho dos anos 70, estrelado  por Clint Eastwood, que conta a história verídica de Frank Morris, um sujeito que conseguiu meter o pé daquela que, talvez, tenha sido a  prisão de segurança máxima mais conhecida do mundo e que nunca mais foi visto.

      Pra quem tá lendo essas primeiras linhas e já tá apostando que o meu texto é sobre cinema, quebrou a cara feio.  Comecei falando do filme porque, ultimamente, tenho pensado muito nele.  Tudo porque voltei para a academia.  E toda vez que eu tô lá, me matando no crucifixo inverso, me  vem à cabeça a  história do Morris e toda a sua aventura para fugir daquele lugar.

     Tá, eu odeio academia.  Mas se odeio, porque tô malhando, então?  Explico:  eu  fui uma criança muito, muiiiito franzina.  Magrelo mesmo.  E como na  minha geração existia o pensamento que criança saudável era criança rechonchuda, toda a comida e vitamina que me puseram pra dentro, um dia, fez efeito.  Daí, já viu.  O molequinho puro osso se transformou no adolescente fofinho que não quis se tornar o adulto fofão e que, portanto, tratou de brigar com a balança.  Ok, eu venci a disputa (acho).  Perdi todos os quilos extras e, desde então, nunca mais voltei a engordar.  Acontece que prum cara de 1,70m (descobri na avaliação que, na verdade, é 1,68m, mas nem fodendo eu dou o braço a torcer) com menos de 60 kg, um corpinho mais definido não caía nada mal.  E lá foi o Marcelo pro "Projeto Verão Intenso", prometendo que  a estação mais quente do ano é minha, vou abalar corações e pegar geral; mulher, homem, cachorro e bananeira.  Respirei fundo, criei coragem e procurei a academia mais próxima.  Fiz matrícula, avaliação e parti pra primeira aula.  E enquanto sujava as calças fazendo o tal crucifixo inverso, me imaginei o próprio Clint, traçando planos mil pra me mandar dali e refugiar na biblioteca mais próxima.

     Lembrei de todas as situações vexaminosas que passei das outras vezes que malhei.  Já morri levantando “pesinho-de-mulé”, já fiquei preso no Leg Press, já fui pego pelo professor roubando na série, mas o grande ápice foi quando, um dia, esperando minha vez num aparelho, fui abordado por um rapaz, perguntando se eu queria revezar.  Revezar soou muito gay, de cara.  O que não é exatamente ruim pra quem que pegar mulher, homem, cachorro e bananeira.  Revezei, né?  O pior mesmo foi ter que vê-lo se requebrando diante do espelho, enquanto eu punha os bofes pra fora, se olhando e desejando, mordendo os beicinhos como quem diz “EU ME AMO, EU ME AMO, EU QUERO ME COMER!”. Saí de lá antes que ele me comesse e fui afogar as minhas mágoas  lendo Tolstoi e tomando Milk Shake, jurando que, só morto, pisava novamente num lugar daqueles.

     Paguei a língua, né?  Tô eu aí, mais uma vez, tentando dar um tapa no corpitcho.  E, dessa vez, juro que não desisto, mesmo levantando “pesinho-de-mulé”, mesmo ficando preso no Leg Press e - OH, CÉUS - tendo que encarar os EU ME COMIA que encontrar pela frente. 

     Ah, se eu fui pra academia hoje?  Bem, hoje não, né?  Sabecumé, tinha o post do Blog das 30 Pessoas pra escrever.  Mas amanhã, eu juro, tô lá...  Firme.  E forte.

  


     
       Eu acho.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Geração tédio.

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Deixa eu ser sincero um pouco: no momento é perto da uma da manhã do domingo, dia 03, e enquanto o Lady Antebellum estoura no meu headphone (a música do momento é “Our Kind of Love”, se é que interessa para alguém), eu paro minha atividade usual de falar besteira no Twitter para me lembrar que tenho apenas três dias para escrever para o Blog das 30 Pessoas. Os leitores me perdoem, por favor, mas vou decobedecer a regra dos meus últimos dois posts aqui no blog e não vou falar sobre cultura. Sem recepções calorosas e lutas pela liberdade de expressão, como fiz com o clipe “Judas”, da artista pop Lady Gaga (aliás, “Edge of Glory”, o sucessor do mesmo entre os singles do novo álbum, causou polêmica, veja só, por não ter causado polêmica nenhuma!). Sem dicas pseudo-intelectuais de contos de papas da ficção científica cuja visão classuda do fim do mundo coube bem ao tema do mês.

Não conheço a rotina de todo o pessoal aqui do blog, mas imagino que uma boa parte de vocês já trabalhe, e uma outra parte continue estudando (no meio desses, num daqueles desenhos de “conjuntos” da matemática do Ensino Médio, os que fazem as duas coisas, pobres coitados). Bom, eu não trabalho. Então o que eu vou dizer aqui vai soar a coisa mais fútil do mundo para muitos de vocês, mas faz parte do que eu tenho observado dentro da minha geração, na minha realidade. Aos 16, 17, 18 anos, nós somos a geração do tédio. Um tédio que talvez faça de nós, também, a geração que mais busca saber das coisas, se aprofundar no que realmente nos interessa e buscar nosso próprio caminho por aí. Além da geração do tédio, somos a geração da nerdice, se é que sou autorizado a usar essa palavra por aqui. Tomo a mim mesmo como exemplo. Talvez você me ache alienado, mas eu não assisto ao Jornal Nacional, e quase tudo da minha consciência de política brasileira não vem do Estado de São Paulo. Vem do CQC. Mas isso é mérito para outra discussão. A questão é: eu nao sei de muita coisa. Mas eu sei muito do que eu tenho vontade de saber.

Talvez seja o bem (alguns diriam, o mal) da globalização, do acesso fácil a informação, da liberdade de expressão e circulação que acontece na Internet. É fácil você se tornar um especialista, com um pouco de curiosidade e uma certa habilidade em lidar com as ferramentes online. Mas ainda é preciso querer. E, observando por aí, estando no Twitter todos os dias e conhecendo gente com quem eu posso discutir tudo o que eu mais gosto e sei (leia-se música, cinema, literatura popular e cultura em geral), e ainda ganhar amigos no processo, eu não tenho mais vergonha de pertencer a minha geração. Dizem que os melhores não estão a frente do seu tempo. Eles estão no tempo certo, e o resto do mundo está um passo atrás.

E que assim seja, por hoje. Pode ser que eu esteja falando um monte de besteiras. Ainda no Lady Antebellum (“When You Got a Good Thing” é a que fecha a produção desse texto, tendo passado por todo o tracklist do segundo álbum da banda, Need You Now, altamente recomendado para os amantes e não-amantes do country). Passada já a primeira hora do domingo. E a segunda-feira, para mim, não vai ser segunda-feira. O doce, doce sabor do tédio.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A senhorita Misunderstood e o DJ (por Gilberto Amendola)

Caio tem medo de sangue. Não podia ser médico. Caio tem medo de altura. Não podia ser bombeiro(nem piloto de avião).Caio nãoé bom com números. Não podia ser engenheiro.Caio tem escrúpulos. Não podia ser político. Caio não é engraçado. Não podia ser stand-up comedy. Caio virou DJ. E estava satisfeito com sua escolha profissional.

Aliás,o próprio Caio tinha pudores em chamar seu ofício de profissão. Era, digamos, uma diversão remunerada. Algo que ele havia aprendido sem esforço, meio bêbado
e pulando de festa em festa (quase como frequentar uma faculdade de jornalismo). Ser DJ desobrigava-o de crescer. Atrás das picapes, poderia esticar sua juventude até uns 40, 45, 50 anos.

Como DJ seu único compromisso era manter a pista acesa e, vez por outra, questionar-se sobre a apelação que era tocar uma sequência de The Strokes, Arctic
Monkeys e The Killers.“Sou o ‘Datena’ do Indie Rock’”, pensava.

Para aplacar sua angústia – e agradar uns dois ou três amigos ‘especialistas’,encaixava uma faixa obscura da PJ Harvey entre Mr. Brigtside e Flourescent Adolescent.
Esfriava a pista, mas dava uma dignidade à sua arte.

Caio gostava especialmente dos fins de noite. Naquela hora em que a pista ficava praticamente vazia – parcamente ocupada por zumbis desesperados. Gente que ainda ansiava por um beijo ou por um último ‘teco’ antes do dia romper o fino plástico da madrugada.

Nessa hora, escolhia músicas que só ele queria ouvir. Sem se importar se iria ‘funcionar’. Num sábado do último mês de abril, Caio tocou Misunderstood, do Wilco (uma das sua bandas favoritas). Sempre fechava os olhos e cantava ‘pra dentro’ os versos: “You know you're just a mama's boy/ Positively unemployed/So misunderstood/So misunderstood” (Você sabe que é simplesmente um filhinho da mamãe/ Positivamente desempregado/ Tão mal compreendido/ Tão mal compreendido).

Mas antes que a música atingisse a parte que, segundo Caio, havia sido baseada em sua própria vida,uma garota ruiva (cabelo curtinho, olhos que variavam entre o
Castanho claro e o verde e uma tatuagem de estrela no ombro) postou-se em frente ao toca disco. No momento em que o cantor (Jeff Tweedy) perguntou, pela segunda
vez consecutiva, “do you still love rock and roll?” (Você ainda ama o rock and roll?),ela atirou-se para cima da aparelhagem e arrancou o disco da picape. Mordeu
o vinil. Arrancou um belo pedaço e foi retirada, sem nenhuma delicadeza, pelos seguranças da casa.

Caio lamentou o disco perdido, mas,desde aquela noite, não conseguiu mais tirar a tal ruiva da cabeça.Tinha uma sensação de que ela poderia aparecer a qualquer momento – e protagonizar um novo ataque de fúria.Torcia por isso. Queria entender o que havia acontecido, que pavio ele havia acendido ao tocar aquela música antiga
do Wilco (e o que aquela música, que ele também amava, representava para ela). Talvez ele estivesse apaixonado por uma garota maluca (que tinha visto por cerca de 30
segundos, no máximo). Talvez.

Caio virou um DJ esquisito. Insistia em Misunderstood várias vezes na mesma noite (só que agora usando um CD Player).Nãodemoroutrêssemanasparaqueeleperdesseas
Noites de sábado –e fosse encostado nas terças-feiras.

Mesmo ‘positivamente desempregado’, Caio continuava satisfeito com sua profissão. E dedicava às noites de terça, que batizou de ‘Senhorita Misunderstood’, para aquela musa surreal.

Contra todos os prognósticos, a noite do Caio virou um sucesso.
Terça passada, quando ele tocou A MÚSICA, uma ruiva apareceu no meio da pista e mostrou, desafiadora, a língua roxa de vinho tinto (e o dedo médio da canhota). Caio apertou o ‘repeat’ do CD Player e foi pra pista...

domingo, 3 de julho de 2011

Domingo

Envelheci e não aprendi a gostar de café. Quer dizer, acho que não gosto, porque as pessoas tomam xícaras e mais xícaras, enquanto eu malemá tomo uma, só pra despertar. Coloco na xícara e volto depois, quando já esfriou, para horror dos amantes da bebida. E nem é por sensibilidade nos dentes, só não gosto mesmo.

Envelheci e não aprendi a comer chocolate meio amargo. Que merda é aquela? Bom é chocolate ao leite, chocolate branco, chocolate belga. Doce. Doce. Quando eu como um chocolate eu quero comer algo que supra essa necessidade de glicose e não algo que amargue minha boca. Pior que chocolate meio amargo, só chocolate com menta.

Envelheci e não aprendi a gostar de sapatos. Principalmente com salto, o menor que for. Não aprendi a usar, nunca quis e continuo não querendo. Salto só pode ser invenção de um homem. Um homem mau. Uso sapatilhas, e já está de bom tamanho, mãe. Melhor que trabalhar de Bamba, mas às vezes, na sexta, eu ainda vou.

É, eu sou mais ou menos a mesma pessoa. Com algumas estampas do Mickey a menos, mas a mesma pessoa. A única coisa que eu sinto que realmente mudou nos últimos anos é minha relação com o domingo. Sabe como eu sei que é a idade? Lembrei daquela música tosca dos Titãs que fez sucesso lá por 94, 95. Eu achava a música maior nada a ver, e Topa ou Não Topa era super legal. Hoje eu ainda não gosto da música, mas entendo.

O domingo é o pior dia da semana, de longe. Domingo é um dia que eu quero fazer tudo, mas não faço nada. É incrível. Eu já acordo tensa. Fico o dia inteiro querendo fazer coisas,olho pro relógio, três, seis, nove. Fico pensando que estou perdendo tempo, que o tempo está passando, logo vou estar velha e não vou ter aproveitado a vida, e essas coisas, essas neuras. Decido sair por ai, andar no mato, soltar pipa, pescar, acampar, sei lá,tomar um simples sorvete que seja, mas tem alguma coisa que me puxa, que me segura, que acelera o relógio e faz com que eu não dê conta de fazer absolutamente nada.
São 22h e 37 min agora. Eu não tomei banho ainda, não jantei, nem arrumar a cama eu arrumei e obviamente não postei, ainda, porque domingo é isso, domingo é derrota. Eu odeio domingo. E ele já passou.

sábado, 2 de julho de 2011

O mistério do livro do senhor da barba branca

Eu estava prestes a cometer um grande erro. Tinha duzentos neurônios e trinta reais e noventa centavos a perder. Tomei coragem, respirei fundo e levei o produto até o caixa como se eu fosse um urso polar caminhando sobre o gelo fino. Não queria que nenhum cliente me pegasse no flagra.
- Tem certeza que você vai levar esse livro?
Um senhor de barba branca, camisa social e cabelo ralo penteado para trás fez a mesma pergunta que eu havia feito a mim mesmo minutos antes.
- Não - respondi. - Mas fiquei curioso. Acho que vou levar sim.
- Tá bom. Você que sabe - ele respondeu, colocando a tal coisa numa sacola.
Antes que você me chame de iletrado, saiba que as duas formas são possíveis. Tanto o “você que sabe” como o “você quem sabe” são aceitos pela língua portuguesa. Mas voltando à nossa historinha enfadonha, uma coisa é certa: eu não precisava ter comprado aquele livro. Bastava a leitura de no máximo dez páginas, em pé, em frente à bancada dos livros mais vendidos. Depois eu sairia de lá com o novo do Paul Auster debaixo do braço e o dono da livraria ficaria orgulhoso de mim, do Brasil, do mundo e dos pássaros. Ele poderia pensar que após a compra do Auster, ou então de um Scott Fitzgerald, os pássaros teriam um bom motivo para continuar a voar, cantar e defecar livremente na porta de entrada do seu estabelecimento.
Alguns anos depois, em consideração ao senhor da barba branca, passei longe das salas de cinema que exibiam o filme inspirado no livro. Devo dizer no entanto que gostei do que vi nos cartazes de divulgação. Normalmente só tem o nome do filme, os nomes dos atores principais e o dia da estreia. Mas dessa vez, além das informações básicas, a produção optou por frases bacaninhas que a meu ver ajudaram a vender o filme:
- Seu namorado quer ver? Então mostre pra ele.
- Vá com seu namorado, suas amigas ou sozinha. Só não vá com preconceitos.
- A história de uma garota de família. Até a cena 2.