quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Prezada Manguaça

Venho por meio desta informar que você já não é bem quista na minha vida.

Tive uma epifania forçada após meu último fiasco e entendi que já perdeu a graça as patetices que você me leva a fazer. Tampouco há charme em não lembrar, nem vagamente, o que fiz embreagada. Muito embora você renda os assuntos mais divertidos tratados em depoimentos jamais aceitos pelo orkut, já não compensa mais para mim passar o domingo inteiro me contorcendo de ressaca em troca deles. Não quero mais remoer atitudes impensadas e ter que aguentar o olhar de reprovação ou as risadinhas marotas de gente que pensa que a existência delas é menos ridícula que a minha.

Demorou, mas eu estou começando a pegar a ideia de que as pessoas são chatas,  a música vai sempre me desagradar e as festas não são mais para mim.  E eu me anestesiar até a morte não modificará nenhum dos fatos. Por isso farei igual ao Charlie Harper: vou parar com o álcool. Daqui para frente, só cerveja e vinho.

Não confunda este desabafo com ingratidão. Não te quero mal, só acho que precisamos seguir nossos caminhos: você, corrompendo novas almas e eu, conseguindo fazer o quatro com as pernas. Obrigada pela companhia que me fez até hoje e espero que você não se importe de eu mencionar futuramente alguns de nossos homéricos momentos para provar para os meus netos (ou companheiros de asilo) o quanto tive uma juventude radical.


Att.;
Camila Rufine

8 comentários:

  1. George Jean Nathan um dia disse que: " Bebo para tornar os outros interessantes "

    O problema é fazer com que esse interessante fique até o horário do Programa do Faustão.

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  2. EIHEIAEH
    Quem nunca se despediu? O problema é a dor de cabeça que dá pra depois por em dia... =X

    (e a senhora nem invente de estar falando sério! reveillon é sagrado!)

    ;**

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  3. Que linda esta despedida, mas, aposto que vai rolar uns flashbacks hehe

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  4. HAHAHAHAHAHHAHAHA... Excelente! Mas se vai ficar "só" na cerveja e no vinho, te garanto q isso não evita necessariamente a manguaça no dia seguinte.

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  5. Tinha uma época que eu me despedia todo sábado. Hoje o adeus tem frequência mensal.

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  6. Olá. Estive aqui. Interessante. Gostei. Apareça por la. Abraços.

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  7. Juventude radical exige uma bela dosagem et'ilica. Se alcool nao fosse divino, deus nao nos faria com figado e rim. e figado regenera, igual a gente ressuscita no pos-ressaca. e como aguentar musica eletronica sem a existencia dos destilados, acho que 50% do m'erito da balada nao esta no dj, mas na qualidade do que vai no copo. ate a perda da memoria eh algo necessario, quem eh que quer ficar lembrando tudo que fez? do papo chato? e percebeu que beber deixa a gente mais bonita, nao tou falando do nos, mas a gente em torno. eh nessas horas que a gente pega quem conscientimente a gente nunca pegaria. O alcool vai mais fundo no inconsciente que Freud, por essa razao e por outras. Por exemplo, a gente bebe e diz tudo que tava entalado (ou seja, reprimido), cospe os bofes, chora, sobe em cima da mesa, faz declaracao de amor. A gente perde tambem o "amor proprio", em muitos sentidos, ele sai de nos (como no exorcista), ele nos abandona, porque ninguem quer carregar bebado por ai. Faz caminho de saida, o de entrada para alguns(mas isso eh muito grosso(sic) de ser falar. E embora eu nao beba - so socialmente, acredite - sou a favor de todos que bebem, pq a gente tira onda na ressaca alheia. E a alegria, pra mim, eh sempre algo proximo da embriaguez.

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