sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Realidades

Trabalho, amigos, bar, faculdade, música, livros, algumas bebidas... Aprendi quem eu era nesses ambientes, talvez por isso eu seja meio tosco. Tenho certa dificuldade em relacionar com a minha família. É difícil, por exemplo, quando num churrasco de familiares me deparo com pessoas que dizem ter o mesmo sangue que eu, mas me fazem ter certeza de que sou um alienígena adotado, tamanha minha não identificação.

Minha família só consegue debater sobre assuntos rasos, brigar por futebol, especular sobre os BBBs da vida e personagens de novelas, tudo isso ao som de rebolation. Não pertenço à realidade deles, não que eu queira manter um diálogo sobre a orelha de Van Gogh, mas não dá!

Por isso, nesses eventos me mantenho calado, reforçando a imagem de anti-social e alienado. Com o tempo conheci pessoas como eu.

Teve um tempo que fiquei muito triste com a situação, sem vínculos, me sentindo só. Procurei ajuda em religiões. Fui na Arte Mahikari, mas me cobraram 400 reais para ser aceito. Então fui num templo budista tentar meditar, mas uma mestiça gostosíssima sentou do meu lado e não consegui mais buscar o nirvana. No centro espírita (sou um promíscuo espiritual) era legal, mas tinha bolinhos a cada meia hora e eu não conseguia prestar atenção na palestra, pensando na próxima fornada.

Desisti. Minha família é uma pequena célula exemplificando o brasileiro médio. Seduzido por formas e nenhum conteúdo. Fico triste. Veja o infográfico:



O mais próximo que minha irmã conseguiu chegar da filosofia e do existencialismo foi no filme Matrix, apesar de não ter entendido nem 10% .Conversando com amigos dia desses, falamos sobre essas coisas e, como estou meio sem criatividade, resolvi escrever sobre o assunto.

Me veio a mente o Mito ou Alegoria da Caverna. Como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade. Vou ali tomar uma pílula vermelha.

16 comentários:

  1. hahaha Ai, Denis, vc não existe. Mas ó, sei que há uma dose boa de exagero, embora tenha a plena certeza de que isso existe sim, e muito (experiencia própria). E aí vai a frase feita: apesar de tudo, é com eles que você poderá contar sempre. E é sério, os amigos que dividem a mesa de bar passam, os leitores e companheiros de blog tb (parte deles fica, graças), mas muitos e muitos vão embora. Resta sempre a família. Abraço

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  2. Eita, me atropelou! Ainda é dia 19, Denis!

    =p

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  3. É erro do blogger.

    BLOGGER MALDITO, PRAGA DE MÃE PEGA, FICA NESSA

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  4. hahahahahahaha... Ri muito do parágrafo das religiões! Que texto bom!!
    Mas a Tatiana tá certa: o verdadeiro alicerce é a família... Apesar de a gente querer matar uns membros de vez em qdo.

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  5. É curioso como sua família parece com a minha... hehe... As tias quando me veem, só querem saber se casei... Po!...

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  6. Caceta Denis, esse é o melhor gráfico de todos os tempos! hehe

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  7. ah, rebolation não é tão ruim assim.





    tá, parei.

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  8. Pois eh Denis, somos normais.... mas visto de uma outra perspectiva. Sempre fui um pouco assim, diferente de todos, e como era a neta mais velha, todos queriam q eu fosse certinha, usasse maquiagem, brincasse de boneca, nao podia falar palavrao, meu pai era dono de cartorio em Brasilia, dai eramos conhecidos, e eu era o terror... e eu amava bolinha de gude, pipa, detesto maquiagem (ateh hoje), amava ler, adorava saber o q se passava pelo mundo afora, qd fiquei mais adulta, adorava ir a barzinhos e ficar ali a noite toda, tocando violao e aprendendo a viver. Ja me chamaram de todos os nomes possiveis e imaginaveis, e eu queria apenas ser feliz, e hoje te falo, sou feliz, mesmo com tantas coisas q quis ser na vida, e qt a familia, apesar de td q falavam, estao a meu lado ateh hoje, mesmo reclamando desse meu jeito grosseiro de ser.
    Beijossssssss de bemmmmmm longe!!!!

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  9. Hahaha... bom, a única vez que reclamei sobre uma coisa errada na minha família em meu Blog, fui ameaçada por telefone pela minha tia e causei uma crise tão grande em todo o clã, que acabei como a vilã desequilibrada da história.
    É um caminho solitário nadar contra a corrente, mas para a gente que não vê perspectivas seguindo a maré, é o único meio de manter a sanidade.

    Gostei do texto!

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  10. Denis, adoro suas crônicas. Supermeidentifiquei com esse relato. rá rá rá

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  11. Ri muito, Denis.
    Acho que toda família tem um pouco disso, pela falta de proximidade. Até eu caio nesse pecado de achar que algum primo meu é desse pessoal standard (nada contra) e a pessoa me surpreende.

    Peguei aversão a ganhar presentes graças às poucas vezes em que me reuni com a minha grande família (são 14 tios espalhados por MG e SP, só da parte da minha mãe).

    Eles têm a melhor das intenções, e até que alguns são descoladinhos, mas por não serem tão próximos acham que eu também sou uma pessoa de gostos e costumes populares. Tadinhos, tenho medo de magoá-los se contar que tenho mal de Asperger por escolha própria.

    Família é assim mesmo.

    Bjos

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  12. Valeu pelos comentários galera. =D

    Não sei mesmo pq o texto saiu antes do dia 20. Perdão Martinelli - não me soque!

    Pois é, apesar de tudo, amo minha família.

    ;)

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  13. Caramba, camarada, há exatamente 20 minutos estava eu aqui em casa falando justamente sobre isso. Sobre como é ser "diferente", alienígena no núcleo familiar. O mais surpreendente é que eu, minha irmã, algo do meu irmão e alguns primos nos identificamos como corpos-estranhos do geral. Mas eu sempre fui estranho pois padeço de "angústia existencial" desde os sete anos. Sabe o que é isso? Mas o post é tão bom que já me sinto, aqui, mais o seu camarada; embora, com o tempo, tenha aprendido a valorizar e até ver poesia em quem vive o lado tosco da vida, para quem um cachimbo é só um cachimbo (Tou falando do quadro do Duchamp, não de crack). Abço.

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  14. Reclamar também é expressar afeto.

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  15. Só uma observação, Mahikari não cobra 400 reais para ser aceito. Para receber okiyome (imposição de mão) não tem valor, é aberto e livre a qualquer pessoa.

    Vale a pena receber =]

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    1. A Mahikari cobra 400 reais pelo treinamento do seminário básico. Tenho frequentado uma das sedes, no entanto tambem não concordo com esse valor para o seminário. Mas confesso que a imposição de mão tem feito bem, se for um caminho a ser seguido seguirei, mesmo não concordando com esse valor...

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