sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobre amigos, melhores amigos, amigos de verdade e colegas

Provavelmente você não vai ter Friends como esses.

Provavelmente você não vai ter Friends como esses.

Hoje em dia anda muito difícil fazer amigos e eu não falo isso porque não entra mais ninguém decente no Chat do UOL não. Pra quem não lembra do processo, tudo começa ainda no colégio, quando você descobre que existe os amigos, aqueles pra quem a gente conta as coisas, e os colegas, os que andam junto contigo, mas que não merecem muita confiança. Criam-se os grupos e provavelmente o cara mais bonito da sala vai pegar a menina mais gata e despertar a sua primeira inimizade.

Quando éramos mais novos, mais bonitos e menos barbudos, fazer amigos era a coisa mais fácil do mundo. Era só tropeçar em alguém da mesma idade, com uma cara de saudável e perguntar: “oi, quer ser meu amigo?”. Se morasse perto então ou tivesse brinquedos legais, ficava melhor ainda. Não exigia confiança, número de celular e raramente ele te pedia dinheiro emprestado.

Na pré-adolescência, o que estragava era a história dos melhores amigos, que são uma versão primitiva dos amigos de verdade. Os melhores amigos são aqueles com quem voce passava horas no telefone ou no shopping se voce for uma garota; passava horas jogando futebol e falando da prima gosta se voce for um garoto; passava horas jogando Mortal Kombat II no SuperNes se você for um nerd.

Hoje, ja não é possível fazer amizades de verdade após os 23 anos. Mesmo porque, depois de ficarmos razoávelmente velhos, começamos a diferenciar os amigos dos amigos de verdade e isso é uma bobagem que só faz com que você passe os sábados vendo Tina Fey imitar Sarah Palin no Saturday Night Live. Exigimos que eles compreendam nossos dramas, nossa falta de tempo, que aceitem nossas loucuras excentricidades e que nos dêem ingressos pra shows de graça.

A vida passa e vamos nos acostumando também a ter grupos de amigos sazonais. Os amigos do trabalho, os amigos do ex-estágio, os amigos do prédio, os amigos da faculdade e acabamos perdendo alguns pelo meio do caminho. Eles começam a namorar e te deixam de lado, mudam de religião, viram vegetarianos ou começam a comer insetos e participar de cultos de xamanismo. E é bem provável que com o tempo você se esqueça da maioria deles.

O ICQ morreu, veio o MSN, depois o Orkut e conseguimos dar uma certa sobrevida à amizades mal-resolvidas e distâncias mal-explicadas. No entanto, não é raro aparecer um ex-amigo, perdido no tempo, deixando um scrap dizendo que está morrendo de saudades, que casou e yatta yatta yatta vocês voltam a se falar. Mesmo que já não tenham mais nada em comum a não ser conversar sobre o passado.

É uma pena que a gente se acostume a manter contato com essas pessoas apenas pelo meio virtual. Saber o que ela está fazendo pelo Twitter, as músicas que ouve pelo Last.fm e as pornografias que ela está cadastrada pelo Google dá um certo alívio de não ser um amigo relapso. Sempre tive medo de ser aquele que não liga pra ninguém, que se faz de blasé e vive trocando de amigos, mas, acontece.

O tempo e essa vida corrida toda torna cada vez a gente mais distante de ser um amigo, um melhor amigo, um amigo de verdade. Triste saber que dizer “oi, quer ser meu amigo”, quer dizer pedir pra você clicar aqui. E se você pensa assim, no donut for you!

13 comentários:

  1. Perfeita crônica, Felipe! Gostaria de ter escrito isso. Abração.

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  2. Bom, eu não queria ter amiga como a Mônica de Friends. Acho ela a personagem mais chata da história dos seriados.

    E eu tive a sorte de fazer bons amigos nos últimos anos, principalmente ano passado.

    E como eu faço pra ver quais sites de pornografia as pessoas estão cadastradas?? Adorei.

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  3. falando em no donut for you, o orkut informa que hj é aniversario da marcela. parabens por aqui, pq por lá é automação demais pro meu gosto. [embora admita ter ficado sabendo por meio dele.rs]

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  4. É verdade querendo ou não, o próprio tempo toma essas decisoes, de esquecer, separar a gente naturalmente das pessoas, mas sabe quando é verdadeira mesmo a amizade, o amor que tem entre ambos, ne o tempo é capaz de separar, só que é dificil ver isso hoje, EU TE AMO, ta mais comum que OI TUDO BEM?. Lamentavel, so de pensarmos que talvez daqui um tempo nao teremos do nosso lado quem nos faz bem hoje.

    :*

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  5. Olha o Du aí... ele fica... não troco ele nem por um cacho de banana nanica...

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  6. Olha o Labó aí, o ficar nesse caso é tanto que ele fica até depois que eu for.

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  7. Sou seletiva para amizades, até considerar amigo mesmo, demora, e já aconteceram alguns enganos nesse tempo. Contudo, tenho bons e poucos amigos, que me entendem e eu os entendo, mesmo quando nos irritamos mutuamente.

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  8. concordo com o Eduardo (Quem é sempre fica, tenho bons amigos (dois há + de 20 anos), é bom demais.
    adorei o texto.

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  9. Eu sou um péssimo amigo. Tenho problemas em organizar o tempo e acabo cortando horas que seriam dedicadas a socialização. Alguns me entendem e continuam a quase 15 anos sendo meus amigos. Acho que estes são "amigos de verdade".

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  10. Concordo com o Eduardo. Quem é sempre fica. Tenho um amigo há mais de 15 anos e nós já fomos para nossos lados distintos da vida, mas continuamos nos falando todo santo dia. E acreditem, isso fortaleceu ainda mais a amizade...

    Muito bom o texto! Me deixou meio nostálgica, mas parabéns!

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  11. Nostalgia mórbida é meu samba da vez.

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  12. Ótimo texto, pura verdade, quanto às redes sociais...elas servem para regar as amizades e para afastar as pessoas.

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