Minha primeira contribuição aqui. Gostaria que fosse especial, passei dias buscando um tema interessante, um assunto fascinante... cheguei até ao ponte de ter uma insônia nessa noite. Infelizmente o tal assunto não veio, recorri então a observação do dia e do tempo. Lavei meus olhos, busquei lições dos detalhes. Sai.
Quando andava pela rua, escutei um papagaio assoviar o Hino Nacional Brasileiro. A melodia me transportou no tempo e me levou direto ao dia da minha Colação de Grau.
Particularmente, eu não tinha idéia de como era um evento desses e me surpreendi com seu tom um tanto religioso. No final da Colação, minha mãe queria me levar para um restaurante e fomos, com minha família, para um jantar especial comemorar.
Você quer saber o que isso tem a ver com valor agregado? Vamos lá: Quando chegamos ao restaurante, enquanto entrávamos, nosso excelentíssimo senhor ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saia do recinto, acompanhado de sua esposa e uma fila do que imagino seus assessores.
Eu estava a ver aquela fila passar quando ouço uma voz: “Mas quem é essa linda garotinha?”
Volto o olhar para minha filha e vejo nosso Governador dando um beijo em seu rosto, “essa é a Francis”, educadamente respondi. Eu não sabia se o cumprimentava ou não. Não apertei suas mãos, mas olhei fundo nos seus olhos e vi um homem cansado, preso à suas obrigações públicas e ocultas. Tive pena. Ele acenou com a cabeça e retribui seu aceno.
Ele continuou e vi minha mãe cumprimentando-o, então sorri, pois vi algo muito grandioso saindo daquela mulher de modos simples e origem humilde, mas de coração gigante. Ela ria entusiasmada sem saber que, o gigante ali era ela.
José Serra seguiu com sua caravana e minha mãe sentou-se à mesa, ainda empolgada por conhecer uma pessoa famosa, com tanto valor agregado à sua imagem, mas pensei comigo… que valor?
Por essas e outras que não pago 500 reais num tênis, acredito que toda arte tem valor incalculável e, por isso mesmo não deve ser explorada comercialmente e também não peço autógrafos (tudo bem, só uma vez, mas eram os Doors pô!!!).
Estou feliz por, todos os dias, conviver com pessoas de valor real.
concordo que esse papo de valor agregado é eufemismo para exploração (como pagar 500 reais em um tênis).
ResponderExcluirna verdade esse papo quer fazer a gente confundir PREÇO com VALOR (duas coisas completamente diferentes).
concordo também que o valor da arte é incalculável, mas discordo que a arte "não deva ser explorada comercialmente": sou artista e, um dia, quero ser sustentado por minha arte. nesse ponto, o artista é um profissional como os outros (paga contas e precisa de grana pra viver).
que texto lindo!!!
ResponderExcluirtambém sou artista e já vivi disso, mas sempre tive muita dificuldade em vender minha arte e, sempre que o fiz, sentia que não era verdadeiramente a arte que estava comigo, era como uma segunda versão dela, algo menor. então, pra mim é como você disse: seu valor é incalculável.
ResponderExcluir"vi algo muito grandioso saindo daquela mulher de modos simples e origem humilde, mas de coração gigante": lindo.
tbm nao sou de pedir autografos, mas se nao tivesse pedido pro the doors eu passaria a te achar um ET.
ResponderExcluirno mais, concordo com o moço falbo.
recorrendo ao clichê: faços das palavras do Conrado as minhas. =D
ResponderExcluirPuta texto bonito, gostei pra caralho.
ResponderExcluiracho que a arte pode ser explorada comercialmente, mas o modelo atual está confuso, com este bando de leis de incentivo e bolsas que privilegiam sobrenomes, enfim, não sei.
ResponderExcluirual!!!! Que texto:escrita leve,sossegada,sabe uma coisa tranquila,e,eu cheguei a pensar que ficaria assim até o fim,(o que já seria ótimo) derrepente uma explosão:citações,arranjos, sensibilidade... (sem cair na pieguice,no sentimentalismo.
ResponderExcluirTudo muito bem articulado.
Obrigada por essa emoção.
Parabéns
Poxa... obrigado pelos comentários... levando em consideração minha ausência nesses dias. Mas Conrado e demais amigos, deixe-me esclarecer algo, pois fui imprudente em parte do meu texto: Quando disse explorar, me referi ao termo mais chulo da exploração comercial. Também sou artista, assim como todos aqui deste blog, acredito que devemos receber por nosso trabalho. Me expressei mal quando escrevi "explorar comercialmente" sem especificar. Falava sobre as empresas especializadas que nos transformam em produtos e situações como o Cirque de Soleil que, apesar do fantástico trabalho, utiliza da lei rouanet para acontecer e acaba excluindo o povão, que o patrocinou diretamente com seus impostos. O povo paga mas não tem condições para ver a arte, entende? Sorte para você e seu trabalho, um dia estaremos trocando idéias e tomando uma cerveja no CCSP.
ResponderExcluirAbraço à todos. Estive viajando e trabalhando muito por isso estava desatualizado do blog - hoje li todos os textos e estou envergonhado, o meu está péssimo em comparação...
Gostei muito do texto, achei um dos melhores do blog... essa é a verdade, mas tô escrevendo pra te deixar feliz...
ResponderExcluireita...
Achei interessante a comparação entre valor agregado e valor real utilizando celebridades como exemplos. As coisas têm a importância que damos a elas ou na medida em que sabemos da importância q os outros dão a elas. E os políticos sempre fazendo pose com as criancinhas. Hahaha
ResponderExcluirNossa!!!
ResponderExcluirBelo texto!!
Adorei o texto, principalmente por eu viver rodeada de muuuuuitas pessoas de valor agregado e nenhum valor comercial!!! rs
ResponderExcluirValor agregado é papo de marketeiro, vai por mim... Acredito mais no Valor Real de sua mãe.
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